Na cerimônia da segunda edição do prêmio que instituiu para valorizar o ativismo pelos direitos humanos, realizada na noite da segunda-feira, (9), no Teatro da Universidade Católica (Tuca-PUC), em São Paulo, a CUT voltou a homenagear pessoas ou instituições de destaque na luta pela construção de uma sociedade mais justa e igualitária, além de reiterar apoio a José Genoino, José Dirceu e Delúbio Soares julgados e condenados na Ação Penal 470, o chamado mensalão.
Na abertura do evento de entrega do o 2º Prêmio Democracia e Liberdade Sempre, o presidente da entidade, Vagner Freitas, afirmou que o tema central da atual edição do prêmio – “Nada vai nos calar”, em referência à luta pela democratização da comunicação no Brasil -foi “bastante apropriado” a atual conjuntura.
“A CUT nasceu, vive e vai continuar fazendo ato político, organizando os trabalhadores e trabalhadoras em resistência a intolerância da classe dominante e da mídia golpista que não suporta o fato de a classe trabalhadora ter construído um projeto muito superior, de um operário ter presidido a República por duas vezes e ter feito uma mulher sua sucessora. Neste momento ímpar quando a nossa Central completa 30 anos, a liberdade e a democracia que defendemos é colocada em risco por atitudes ditatoriais penalizando inocentes num claro sentimento de vingança”, declarou .
Memórias
A premiação, conduzida pela atriz e cantora Zezé Mota, teve ainda uma apresentação musical da também cantora Lua Reis, filha do jornalista Julio de Grammont, que recebeu o prêmio, póstumo, na categoria “Personalidade de destaque na luta por Democracia, Cidadania e Direitos Humanos.”
Ele foi o responsável, nos anos 1980, pelo ABCD Jornal, no período em que o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC encontrava-se sob intervenção da ditadura, transmitindo notícias das greves e da militância política em contraponto à censura imposta ao jornal Tribuna Metalúrgica. Ele passou também pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo e foi diretor do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo entre 1984 a 1987. Morreu no dia 26 de novembro de 1998, num acidente de carro na rodovia Anchieta.
Também foi postumamente homenageado, pelo seu engajamento na resistência à ditadura militar, o jornalista, cartunista e escritor, Henrique de Souza Filho, o Henfil, na categoria “Personalidade de Destaque na Luta por Democracia e Direitos dos Trabalhadores e Trabalhadoras”.
Reforma agrária e mídia livre
“Prefiro morrer lutando do que morrer de fome”, dizia Margarida Alves, líder sindical, presidenta do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande (PB). Ela foi assassinada na porta de sua casa, em agosto de 1983 – os assassinos continuam sem punição. Ela foi homenageada na categoria “Personalidade de Destaque na Luta por Democracia e Justiça no Campo”, por ter desafiado os interesses dos latifundiários da região, que a fez símbolo da luta das mulheres por terra, igualdade, justiça e dignidade.
O quarto prêmio da noite, o de ‘Personalidade de Destaque na Luta pela Democratização e Liberdade de Expressão’, foi dado à professora e filósofa Marilena Chauí, por sua sua contribuição acadêmica na análise dos problemas nacionais.
Ao receber a homenagem, a pensadora afirmou que seguirá buscando o pleno respeito à liberdade de pensamento e expressão e que “toda sociedade possui o direito à comunicação porque, sem ela, não há democracia”.
Mais homenagens
Homenagens especiais foram reservadas a Luis Gushiken e Nelson Mandela. O ex-ministro e fundador do PT liderou a greve considerada histórica pela categoria bancária, da qual presidiu o sindicato de São Paulo, em 1985 e esteve presente no surgimento da CUT. Ele morreu em setembro deste ano.
Mandela foi lembrado por sua resistência contra o regime de segregação racial na África do Sul e por defender o ideal de uma sociedade livre e democrática, com oportunidades iguais para todos e todas.
Julgamento midiático
A noite de premiação terminou com um ato de desagravo José Genoino, José Dirceu e Delúbio Soares em decorrência do julgamento de exceção da Ação Penal 470, condenados, defende a CUT, num julgamento “conduzido de forma explicitamente política e midiática.”
Freitas afirmou que todos os esforços serão feitos pela anulação imediata da Ação Penal 470. “Se for preciso, nossa militância vai às ruas lutar até o fim para que este julgamento de exceção seja anulado e exigir que prevaleça o Estado de Direito. É uma mancha na história do nosso País, um ataque a democracia.”, disse.
Freitas seguiu: “Não vamos nos calar, não vamos baixar a cabeça, porque precisamos alertar o povo brasileiro sobre esta postura ditatorial do ministro presidente do STF, Joaquim Barbosa, que se coloca acima da lei. A CUT não tem medo de ditadura e ditadores. Ajudamos a derrubar uma e não aceitaremos que o presidente do STF faça um julgamento pelo simples sentimento de vingança”.