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Crise aquece o mercado de carros usados e seminovos

A queda nas vendas de veículos zero quilômetro ao longo de 2016 tem resultado em maior procura pelos seminovos, de acordo com lojistas do segmento

Jornal Cruzeiro do Sul/Anderson Oliveira
Pedro Negrão

Compradores buscam modelos com alguns anos de uso, porém de menor preço

A queda nas vendas de veículos zero quilômetro ao longo de 2016 tem resultado em maior procura pelos seminovos, de acordo com lojistas do segmento. De janeiro a julho deste ano, a cidade emplacou uma média de 1.136 veículos novos de todos os segmentos — carros, motos, caminhões, comerciais leves e ônibus –, o que representa 15% de retração. A média de vendas no ano passado foi de 1.343 unidades.

De junho para julho, o aumento nos emplacamentos em Sorocaba foi de 780 para 1.410, ou 80,7%. A grande diferença é por causa da greve no Departamento Estadual de Trânsito (Detran), que acabou no começo de julho. Os números são da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). A procura maior pelo seminovo, no entanto, tem esbarrado no crédito mais restritivo, afirma o setor.

O habitual comprador do carro zero km, na avaliação de José Teodoro Júnior, gerente da Ômega Veículos, busca agora seminovos com baixa quilometragem. “A procura está grande por causa disso”, afirma. Segundo ele, não existe a procura por um tipo de veículo específico, mas sim por aqueles que atendem às principais necessidades: ar-condicionado, abs, airbag, vidros e travas elétricas.

“O seminovo oferece qualidade, com quilometragem baixa, e opcionais com a mesma configuração do zero e o preço já estabilizado”, acredita Itamar Nogueira, gerente da Auto 7 Class. Ele afirma que a procura pelo carro que não é mais zero, mas tem baixa quilometragem, cresceu bastante neste ano. “Para nós foi mais de 20% de alta”, arrisca o gerente.

O preço menor de alguns carros mais luxuosos, como Corolla e Cruze, segundo Nogueira, também ajuda nas vendas. Enquanto um carro popular zero km um pouco mais completo custa em torno de R$ 50 mil, esse é o valor pago por esses veículos bem mais completos e com melhor motor. “O dinheiro com que se compraria um popular com boa configuração, você compra um seminovo de luxo com dois anos de uso”, ressalta Nogueira.

Crise ajuda e atrapalha

A recessão econômica, que afeta as vendas de novos, gera uma situação favorável aos usados tanto completos quanto básicos, acredita José Raul Antunes, gerente da Ricci Veículos. Segundo ele, os carros de entrada, que são mais básicos, tem procura satisfatória para quem pretende presentear o filho, por exemplo. “Os mais completos também têm venda satisfatória e mal param aqui na loja”, ressalta.

O que impede uma venda maior, no entanto, é o crédito mais restritivo nesse momento. Ainda que a procura por seminovos tenha aumentado, isso não quer dizer que o mesmo ocorreu com as vendas. “A procura sempre vai ter, mas depende de financiamento e aprovação do crédito, que os bancos estão segurando”, avalia José Teodoro Júnior. Segundo ele, 85% das vendas dependem do financiamento. No caso dos veículos novos, os bancos da montadora têm maior facilidade de aprovação.

Seminovos

Diante da queda nas vendas de veículos novos, os seminovos que geralmente são utilizados na troca não retornam para venda. Conforme lojistas, isso tem ocasionado um trabalho mais difícil de busca para manter um bom estoque. “O estoque é grande e a compra também. Mantemos um setor de compras, porque não dá para esperar esses veículos (entrarem na loja)”, afirma Nogueira, da Auto 7 Class.

O gerente da Ômega Veículos aponta que é preciso trabalhar mais para manter um bom estoque. “Não faltam modelos específicos, mas tem um trabalho árduo para achar carro com baixa quilometragem”, observa. Segundo ele, esses carros eram mais fáceis de se achar quando o público que trocava de carro todo o ano era maior.

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