Na noite da última quarta-feira, 2, o Comitê de Política Monetária (Copom) tomou sua decisão sobre a taxa básica de juros, a Selic. Mesmo com forte pressão do movimento sindical e de empresários para uma queda relevante da taxa, após dois dias de reunião entre os conselheiros, o órgão ligado ao Banco Central (BC) decidiu baixar apenas em 0,5 ponto percentual a Selic, que passou de 13,75% ao ano para 13,25%.
Na visão do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), o nível alto da taxa é uma herança do governo anterior, representado na figura de Jair Bolsonaro. A atual gestão do Copom é feita por conselheiros empossados, em 2021, pelo ex-presidente.
“Não existe explicação econômica para que o Copom delibere por manter os juros no patamar de 13%. Por mais que, neste momento, toda queda seja bem-vinda para aliviar o bolso do trabalhador, o que fica é um sentimento de que recebemos um ‘presente de grego’, ou seja, uma ameaça disfarçada de coisa boa”, ressalta o secretário-geral do SMetal, Silvio Ferreira.
Ele lembrou que esta quinta-feira, 3, é um dia simbólico para o tema já que, desde 3 de agosto de 2022, o Copom mantém a taxa de juros no patamar dos 13%. Embora a Selic esteja estagnada nesta porcentagem, a taxa está no nível mais alto desde o início de 2017.
Taxa poderia ser menor
Diante do cenário de inflação baixa, especialistas julgam que o valor da Selic deveria acompanhar o ritmo da economia brasileira e de outros índices que também tiveram queda expressiva.
Nesta semana, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) ouviu os economistas Ladislau Dowbor e Marcelo Manzano que, em entrevista, afirmaram que a taxa de juros razoável seria de 1,5% a 3% ao ano, já descontada a inflação.
Entre outros impactos, uma Taxa Selic alta resulta no encarecimento do crédito e na desaceleração da economia. Os trabalhadores, diante dos juros altos, não conseguem comprar bens de consumo duráveis, imóveis, automóveis e outros produtos. “Desta forma, o que se gera é uma reação em cadeia, que prejudica diretamente as empresas, os trabalhadores e, até mesmo, investimentos externos no país”, comenta Leandro Soares, presidente do Sindicato.
Pressão continua
O Copom deve se reunir novamente em 45 dias para reavaliar esse e outros assuntos ligados à autoridade monetária do BC. Neste ano, já foram cinco reuniões até que a tímida queda de 0,5 ponto percentual fosse anunciada.
As entidades devem continuar se posicionando contrárias à política monetária praticada pelo Banco Central, como já o fizeram durante diversas manifestações no Brasil. Em nota crítica, a CUT disse: “Nesse sentido, conclamamos toda a base da Central, todas as organizações da sociedade brasileira e poderes constituídos para que solicitem que o Senado Federal tome as medidas cabíveis para retirar da presidência do BC um inimigo do Brasil”. Leia na íntegra aqui.