A Comissão de Saúde da Câmara Municipal fez uma visita surpresa à Santa Casa de Sorocaba na manhã desta sexta-feira, 8, com o objetivo de fiscalizar o atendimento prestado à população e também levantar os problemas e demandas do hospital. Os vereadores Izídio de Brito (PT), que preside a comissão, e Fernando Dini (PMDB), que também a integra, chegaram ao hospital antes das 8 horas da manhã e, após alguns minutos de espera, foram recebidos pelo gestor geral da Santa Casa, o médico urologista José Luiz Pimentel, acompanhado da enfermeira-chefe do hospital, Rita Del Bem.
Os vereadores visitaram as dependências do hospital, começando pelo Pronto-Socorro Municipal, quando também conversaram com pacientes. Ao longo da visita, também questionaram o gestor geral da Santa Casa sobre os problemas enfrentados pelo hospital, que são objeto de queixa dos pacientes. Segundo José Luiz Pimentel, está sendo finalizada uma reforma no hospital, com o objetivo de ampliar o número de leitos. Serão 20 leitos de observação e os atuais cinco leitos de emergência passarão a ser 12 leitos. Segundo o gestor geral, esse acréscimo de leitos deve eliminar a necessidade de colocar paciente em maca à espera de diagnóstico, como se constatou com uma paciente que estava numa maca, nessa condição.
Respondendo à indagação dos vereadores sobre a capacidade da Santa Casa em atender os pacientes do setor de ortopedia da UPH da Zona Leste, que será desativado a partir de 1º de maio, segundo noticiou a imprensa, José Luiz Pimentel mostrou aos vereadores a reforma que será feita para atender essa nova demanda. Segundo ele, hoje a Santa Casa atende entre 300 e 350 pacientes ortopédicos por mês e, a partir de maio, estará pronta para atender entre 2 mil e 3 mil pacientes por mês. Para tanto, serão retiradas as divisórias de uma ala do hospital e um setor atualmente administrativo será transformado em sala de prescrição médica, entre outras modificações. “A Santa Casa será um pronto-socorro de fraturas e traumas leves e ortopédicos. Os traumas graves serão atendidos pelo Conjunto Hospitalar. E o que não é fratura e pode ser resolvido com uma colocação de gesso ou outro procedimento simples continuará sendo feito na Zona Leste”, explicou Pimentel.
Problemas setoriais
Quanto ao problema do ar-condicionado do centro cirúrgico da Santa Casa, Pimentel afirmou que ainda não foi resolvido, devido a problemas com a empresa que presta serviço de manutenção, mas disse que o problema deve ser resolvido dentro de uns dez dias. Em relação aos problemas da lavanderia, Pimentel afirmou que o contrato será rescindido, pois a empresa não está atendendo o hospital satisfatoriamente. “Já fizemos quatro reuniões com a empresa, ela chegou a ser multada, mas até hoje não fez as mudanças necessárias”, explicou, acrescentando que todas as providências legais estão sendo tomadas para rescindir o contrato com a empresa e contratar uma nova. Enquanto isso, segundo ele, tem tido dada prioridade aos pacientes de UTI, cujos lençóis às vezes precisam ser trocados mais de uma vez por dia. No caso dos pacientes clínicos, a troca é feita de dois em dois dias ou, no mais tardar, três dias, segundo ele.
O gestor geral foi questionado por Izídio de Brito quanto a ocorrências de infecção hospitalar na Santa Casa, com base em denúncias de familiares que alegam ter perdido parentes no hospital em decorrência desse tipo de infecção. “Os indicadores de infecção hospitalar na Santa Casa estão dentro do padrão, que varia entre 2,5% e 3%. O nosso está na casa de 2,3% ou 2,4%. O paciente que está internado normalmente está debilitado e corre mais risco de uma infecção hospitalar. Além disso, a maioria dos nossos pacientes, creio que em torno de 70%, tem mais de 70 anos. Muitos são hipertensos e diabéticos. Se levarmos esse fator em consideração, nossos indicadores de infecção hospitalar são até baixos. É claro que, quando morre uma pessoa por infecção hospitalar, o parente fica revoltado. É natural. Há uma carga emocional muito grande. Mas o hospital tem uma comissão de infecção hospitalar que trabalha de forma adequada, controlando os indicadores setor por setor. Paciente que vem de outro hospital, por exemplo, vai para o isolamento antes, para evitar infecção hospitalar”, explicou José Luiz Pimentel.
Segundo o gestor geral, o aparelho de tomografia está tendo manutenção adequada e o médico consegue fazer o laudo em tempo real, porque lhe é facultado ver o exame inclusive de sua própria casa. Quanto ao Setor de Hemodinâmica do hospital, Pimentel disse que nunca funcionou desde a intervenção, devido a entraves burocráticos. Com isso, segundo ele, muitos pacientes ficam até 20 dias esperando cateterismo no Hospital Santa Lucinda, ocupando a vaga de mais quatro. Por sua vez, o Santa Lucinda só faz esse serviço em horário comercial. “Se tivéssemos hemodinâmica aqui, esse problema poderia ser resolvido em até três dias”, afirmou.
Plano de custeio
Pimentel informou estar concluindo a elaboração de um plano de custeio, que apresentará à Secretaria Municipal de Saúde na segunda-feira, dia 11, e acredita ser uma proposta viável. Segundo o gestor, será um orçamento que tornará as contas mais confortáveis, pois o principal problema admite ser estrutural, inclusive com o aumento de 15 leitos, chegando a 35 na retaguarda. Questionado sobre os conflitos entre a regulação de vagas do município e do estado, Pimentel disse ser um problema entre as esferas administrativas que busca solucionar da melhor maneira possível.
Por fim, a Comissão de Saúde visitou o setor de psiquiatria, chefiado pelo psiquiatra João Baptista Laurito Júnior. O setor dispõe de dez leitos para atendimento de emergência e consegue atender mensalmente cerca de 25 pacientes, que, após terem o seu quadro médico estabilizado, são encaminhados para os CAPS.
Visita produtiva
O vereador Izídio de Brito, presidente da Comissão de Saúde, fez um balanço positivo da visita. “Houve um certo desconforto na hora da entrada, mas a visita foi boa. Notamos o limite da Santa Casa, em questões estruturais, e também no atendimento. Mas há reformas em andamento. Infelizmente, já tem praticamente dois anos e três meses que a Prefeitura está administrando a Santa Casa e reformas que começaram logo no início da requisição estão terminando só agora. Parece que a Prefeitura segurou estrategicamente algumas ampliações e reformas justamente para as vésperas do processo eleitoral”, afirmou Izídio de Brito.
O vereador é taxativo quanto à necessidade de um outro hospital para Sorocaba: “A percepção prática, técnica, é que a cidade precisa de mais um hospital. Não dá para depender exclusivamente da Santa Casa. E aquilo que a Santa Casa não consegue atender não dá para ficar na dependência do Santa Lucinda, com briga política com o Conjunto Hospitalar. No caso de infarto, por exemplo, o Santa Lucinda só atende das 8 às 18 horas e não consegue absorver a demanda, uma vez que a hemodinâmica da Santa Casa está parada”. Para o vereador, muitas decisões demoraram a ser tomadas e só estão se efetivando agora, como é o caso do problema da lavanderia e do ar-condicionado. “Mas, no que depender da Comissão de Saúde e da Câmara Municipal, vamos apoiar todas essas melhorias”, enfatizou Izídio de Brito.
O vereador Fernando Dini (PMDB) também fez um balanço positivo da visita à Santa Casa: “Foi uma visita produtiva, porque estamos conseguindo apontar os problemas e dar nossa contribuição. Acredito que o momento não é só de apontar os erros, mas também somar esforços no sentido de encontrar soluções. Hoje, o que vimos aqui é um ambiente que está longe de ser o ideal para o atendimento da população, mas estamos caminhando para isso. E a Câmara Municipal de Sorocaba, representada nesta visita pelo vereador Izídio de Brito e por mim, irá trabalhar nesse sentido. Identificamos alguns problemas e iremos colaborar para que a solução venha o quanto antes”, concluiu Dini.
O vereador Pastor Apolo (PSB) também integra a Comissão de Saúde, mas, devido a compromissos previamente firmados, não pôde participar da visita.