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Diretos Humanos

Comissão da Verdade faz primeira oitiva

Depoimentos de militantes sociais que foram perseguidos pela ditadura civil e militar no Brasil foram ouvidos hoje durante a primeira oitiva da Comissão Municipal da Verdade "Alexandre Vannucchi Leme"

Imprensa SMetal
Assessoria Câmara Municipal
O professor Oswaldo Noce, ex-vereador e aluno do curso de Farmácia e Bioquímica da USP, preso durante a ditadura militar

O professor Oswaldo Noce, ex-vereador e aluno do curso de Farmácia e Bioquímica da USP, preso durante a ditadura militar

Depoimentos de militantes sociais que foram perseguidos pela ditadura civil e militar no Brasil foram ouvidos hoje durante a primeira oitiva da Comissão Municipal da Verdade “Alexandre Vannucchi Leme”, no plenário da Câmara de Sorocaba.

A luta pela democracia e o combate às torturas, à censura e à repressão praticadas no período de 1964 a 1985 foram o foco dos relatos do ex-ferroviário e líder sindical Francisco Gomes e do ex-militante da Ação Popular (AP), Oswaldo Noce.

Assim como, do ex-padre Aldo Vanncucchi que enfrentou o aparato repressor da década de 60 na defesa dos operários de Sorocaba, pela redução da jornada de trabalho, por melhores condições de trabalho. Alexandre Vannucchi Leme, sobrinho de Aldo, foi torturado e morto pela ditadura, em 1973, causando muita dor e comoção na família e em todo o país.

Na próxima segunda-feira, 2, serão ouvidos o professor de história Miguel Trujillo, preso e torturado no DOI-CODI e Geraldo Bonadio, jornalista e historiador sorocabano.

Primeiro a depor, o professor Oswaldo Noce, ex-vereador e aluno do curso de Farmácia e Bioquímica da USP, preso durante a ditadura militar com cerca de mil alunos durante o 30º Congresso Nacional da União Nacional dos Estudantes, em 1968, emocionou-se ao contar que após a ditadura recebeu ameaças de morte. “Mas, continuamos na luta. Não houve nenhum empecilho para que continuássemos na luta. Foram tempos difíceis, só que a superação vai pela consciência do que se tem, do que se deve fazer na sociedade enganado com a saúde precária. Nós, em pequeno número, temos que levar este conhecimento à população”, discursou.

“Consegui sair do país indo para Porto Alegre, passando por Argentina e chegando ao Chile. Eu tinha uma tarefa de me encontrar com uma pessoa que não sabiam quem, em Uruguaiana. A senha era eu vestido com uma camiseta comprida de manga vermelha”, revelou o ex-exilado Francisco Gomes, o Chico Gomes, 82 anos, ex-ferroviário sorocabano e militante da Ação Libertadora Nacional. “Fui o último exilado político a deixar o Chile”. Depois do Chile, Gomes seguiu até o Panamá. “A segurança que eles nos ofereciam era em uma base militar. Duas vezes por dia, se assistia às maiores provocações de direita”.

Em Cuba, o ex-exilado conta que morou por quase sete anos. “Fui para a embaixada ver se tinham legalizado minha situação. Nunca me deixaram entrar”. Retornou ao Brasil no dia sete de setembro de 1979.

De acordo com o presidente do da Comissão da Verdade, vereador Izídio de Brito (PT), as oitivas serão realizadas sempre às segundas-feiras pela manhã na Casa de Leis. Ainda segundo o parlamentar, os debates terão a presença de três personagens envolvidos diretamente ou indiretamente como o período ditatorial no País.

Todos os depoimentos serão gravados e, posteriormente, arquivados, com o objetivo de entregar o material final para a Comissão Nacional da Verdade e, também, para instituições que queiram conhecer a história da região durante o período do regime militar.

Izídio solicita a contribuição da sociedade civil para a Comissão da Verdade, com documentos e depoimentos. “Tudo que vem para agregar será válido. Temos que, no final dessa comissão, ter um material com conteúdo para estar nas bibliotecas tanto do município e região quanto do País.”

A oitiva é aberta ao público em geral e transmitida ao vivo pela TV Legislativa e site da Câmara Municipal.

Integrantes

Além do presidente Izídio de Brito (PT), a Comissão Municipal da Verdade conta com o relator Anselmo Neto (PP) e os vereadores membros Saulo do Afro Arts (PRP) e Neusa Maldonado (PSDB).

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