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Começou mal

Apesar do clima de cordialidade geral e de festa da democracia, com a diplomação dos representantes eleitos pelo povo, Pannunzio, antes mesmo de tomar posse, já desafinou em seu discurso

Izídio de Brito Correia (Vereador PT Sorocaba)

Na manhã desta terça-feira (18) foi realizada no Teatro Municipal “Teotônio Vilela” a cerimônia de diplomação do prefeito eleito de Sorocaba, Antonio Carlos Pannunzio (PSDB), da vice-prefeita, Edith Di Giorgi (PSDB), e dos vinte vereadores que vão compor a próxima legislatura na Câmara Municipal de Sorocaba.

O evento formal, que teve a presença do juiz eleitoral Pedro Luiz Alves de Carvalho, foi marcado, em vários momentos, por aplausos e homenagens à Justiça Eleitoral e todos os seus servidores, responsáveis mais uma vez por garantir uma eleição séria, transparente e justa.

Apesar do clima de cordialidade geral e de festa da democracia, com a diplomação dos representantes eleitos pelo povo, Pannunzio, antes mesmo de tomar posse, já desafinou em seu discurso.

Talvez sem compreender a importância histórica da cerimônia de diplomação, o prefeito eleito preferiu trocar o agradecimento aos seus apoiadores e correligionários por ataques diretos ao Partido dos Trabalhadores. Trocou, ainda, o entusiasmo de sua vitória pelo ódio declarado ao presidente Lula, ao comentar o desfecho do julgamento da Ação Penal 470, chamada pela grande imprensa de “mensalão”.

Além de demonstrar deselegância, ao deixar de citar a presença da deputada federal Iara Bernardi (PT) na cerimônia, que assume novamente uma vaga na Câmara Federal a partir de 2013, Pannunzio usou de seus valiosos minutos de prestígio para criticar os avanços sociais e econômicos iniciados pelo governo Lula, o aparelhamento da Polícia Federal e, por consequência, as inúmeras operações de combate à corrupção no país.

Ex-líder do PSDB na Câmara Federal, Pannunzio se acostumou, nos últimos anos, a subir em caixotes para criticar o governo do PT, que marcou recordes de aprovação com Lula e Dilma. Nesta cerimônia, porém, perdeu a chance de exercer o bom senso.

O tucano, que chegou a arrastar sua candidatura sub júdice até as vésperas da eleição, por suposta irregularidade com base na Lei da Ficha Limpa, usa de um dos momentos mais solenes da política local para externar, ainda que implicitamente, a incompreensão da elite, conservadora e reacionária, de reconhecer o novo Brasil que se iniciou com a partir do governo do presidente Lula.

Pannunzio começa mal porque, em vez de dar sinais de que será um prefeito republicano, preocupado com o futuro da cidade, se apequena na retórica partidária, com opinião sobre fatos distorcidos e juridicamente questionáveis.

Vale lembrar que a privatização tucana da estatal Eletropaulo à americana AES, realizada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, que será julgada pela Justiça Federal, além da exoneração e indiciamento do diretor-geral do Saae de Sorocaba, Geraldo Caiuby, pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção passiva ganharam os jornais nas últimas semanas.

Seria interessante, portanto, se o futuro prefeito também criticasse com veemência os inúmeros escândalos registrados no governo de seu antecessor e correligionário Vitor Lippi, como a Operação Hipórcrates, Operação Pandora, Operação Águas Claras, entre outras.

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