Como objetivo de elaborar projetos, em conjunto, que colaborem no combate à fome e ao desemprego no Brasil, quatro centrais sindicais – CUT, CTB, Força e UGT – e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) lançaram, na noite desta segunda-feira dia 14, o Calendário de Lutas 2022 para o Estado de São Paulo.
Além de lideranças sindicais e personalidades do meio político, como o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), Leandro Soares, também participou da mesa principal do evento, que aconteceu em Hortolândia e marcou a inauguração do 1º Comitê de Lutas no país.
De acordo com Leandro, a ideia da CUT e demais centrais sindicais é criar cerca de 450 Comitês por todo o Estado de São Paulo para dialogar com a população sobre a realidade do país e pensar projetos que colaborem com o combate à fome, à miséria e ao desemprego.
“Essa é uma luta que é prioridade para o SMetal desde 1992, quando foi criado o Sindicato Cidadão. De lá pra cá, com campanhas como o Natal Sem Fome e, depois, a criação do Banco de Alimentos, ela se consolidou em Sorocaba e região. Temos certeza que os Comitês vêm para somar e fortalecer ainda mais projetos que ajudem a levar comida e dignidade para todos”, enfatiza.
Além dos Comitês, durante a atividade, o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, anunciou que as centrais estão propondo a criação de um projeto que visa garantir transporte gratuito aos trabalhadores e trabalhadoras desempregados, que não têm recursos sequer para comer, quanto menos para poder procurar uma nova colocação.
“Trabalhadores gastam mais com transporte do que com comida. Estão no desalento, desempregados, portanto, a pauta essencial que temos é a criação do Vale Transporte Social, para acudir essa população e colocar esses milhões no sistema de transporte”, disse Sérgio Nobre.
O dirigente ainda lembrou que se implementado um projeto de tal porte, além de beneficiar a população mais vulnerável, empregos seriam gerados e haveria a produção de novos veículos (ônibus). “Queremos apresentar esse projeto nas comunidades, nas empresas e para os prefeitos”, disse Sérgio Nobre, se referindo a uma mobilização em torno do projeto.
Comitês de Lutas
Sérgio também destacou a importância da criação dos Comitês de Luta em Defesa da Classe Trabalhadora, lançados recentemente pela CUT. “A população está em um momento dramático e a ideia é ir até os locais de trabalho, as comunidades e praticar a solidariedade com os desempregados. A fome vai chegar nesses e os comitês serão pontos de apoio”, afirmou o presidente da CUT.
Luiz Marinho, presidente do Diretório Estadual do PT de São Paulo, também esteve presente e fechou a plenária falando da importância da construção de um novo capítulo para a classe trabalhadora com a luta pela revogação da Reforma Trabalhista.
Mobilizações em 2022
O Calendário de Lutas da CUT e centrais sindicais foi anunciado durante o evento. A partir dele, serão organizadas não só as lutas, como também espaços e locais nas principais cidades do Estado com o objetivo de realizar as ações de solidariedade, além de atividades de diálogo e escuta da população e formas de pressão sobre o poder público para atendimento das reivindicações mais urgentes da população.
– No dia 7 de abril será realizada a Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, a Conclat 2022 – Empregos, Direitos, Democracia e Vida.
– No dia 13 de abril, haverá uma mobilização em todo o estado de São Paulo contra a fome e contra a carestia.
– No dia 1° de Maio, Dia Internacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras, na capital São Paulo e nas principais cidades do interior serão realizados grandes atos.
– Já o dia 6 de maio, será o dia estadual de Mobilização Pelo Vale Transporte Social.
Luta reforçada
Pré-candidato ao governo do estado de São Paulo, Fernando Haddad, participou do evento e ressaltou que a situação pela qual o Brasil passa é um dos piores momentos da história. “Estamos passando por um processo tão difícil na sociedade que o fato de estarmos reunidos para combater a fome expressa a gravidade da situação que os brasileiros estão vivendo”, disse Haddad.
Ele lembrou de programas postos em prática durante os governos de Lula e Dilma, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar, o Programa de Aquisição de Alimentos que junto com outros programas sociais erradicaram a fome do país, tirando o Brasil do mapa da fome da ONU.
“Foram tão exitosos que serviram de referência mundial de alimentos, o PMA das Nações Unidas”. O programa foi inclusive premiado, há dois anos, com o prêmio Nobel da Paz.
No entanto, passados alguns anos, os governos (Temer e Bolsonaro), com suas condutas neoliberais que não priorizam a vida e não combatem a desigualdade, pelo contrário, colocaram o Brasil no mapa da fome e, reforçou Haddad, “não há nenhuma justificativa para recolocar o Brasil nesta situação”.
O ex-prefeito de São Paulo ainda alertou que este ano, de eleições, as centrais devem estar também unidas em torno de candidaturas progressistas que serão decisivas para o futuro do país. “Em uma eleição em que há duas pessoas tão diferentes – Lula e Bolsonaro – o que se decide não são os próximos quatro anos, não se decide um mandato. O que se decide é o futuro das próximas gerações”, enfatizou.