O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a variação da cesta de compras para famílias com renda de até cinco salários mínimos, registrou deflação (queda de preços) de -0,14% em agosto deste ano, acumulando 3,71% desde setembro de 2023, última data-base da categoria metalúrgica do estado de São Paulo.
Isso significa que os metalúrgicos do estado terão um reajuste de 4,95% nos salários. Em Assembleia Geral realizada em agosto no Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), os trabalhadores da base do SMetal aprovaram acordos com diversos grupos patronais que contemplariam o aumento real de 1,2% somado ao acumulado do INPC nos últimos 12 meses. [confira abaixo o status da negociação com cada grupo].
Para o secretário-geral do SMetal, Silvio Ferreira, este resultado é muito positivo, pois uma inflação baixa sinaliza que os trabalhadores sofreram menos perdas em seu poder de compra, de forma geral.
“Um cenário de inflação controlada é sempre positivo para que possamos recuperar o poder de compra dos trabalhadores. Esse índice de aumento real, que praticamente representa 30% do acumulado da inflação, é algo que a gente não conquista sempre”, afirma o secretário-geral.
Somando os resultados das campanhas salariais de 2023 e 2024, o reajuste total foi de cerca de 11,61%, enquanto a inflação acumulada em 24 meses foi de 7,92%. Vale ressaltar que há uma década não se registrava aumento real acima de 1% por dois anos consecutivos na categoria. A última vez em que isso ocorreu foi em 2013 e 2014.
Os dados foram levantados pela subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) dos metalúrgicos de Sorocaba.
Queda dos preços
O INPC é utilizado para calcular variações no custo de vida das famílias com rendimentos de 1 a 5 salários mínimos, por isso, é um índice muito importante para os trabalhadores, com recorte para despesas necessárias como alimentação, transporte, habitação e educação, por exemplo. Os resultados do INPC revelam se os preços de bens e serviços sofreram inflação ou deflação de um mês para o outro, ou seja, se aumentaram ou diminuíram de preço.
Em julho, o INPC havia registrado inflação de 0,26%. Em agosto do ano passado, a taxa ficou em 0,20%.O resultado foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 10.
O economista do Dieese, Felipe Duarte, explica que a deflação, quando ocorre em apenas um mês e de forma isolada, representa uma desaceleração nos níveis de preços da economia e tende a preservar, mesmo que temporariamente, o poder de compra dos salários.
“O aumento real dos salários, quando ocorre com a inflação controlada, tem ainda mais impacto na preservação do poder de compra. Isso não apenas melhora o bem-estar das famílias, mas também estimula o consumo e o crescimento econômico, contribuindo para a redução das desigualdades econômicas e sociais. Logo, a inflação de 3,71% reforça e valoriza ainda mais os efeitos positivos do aumento real de 1,2%”, afirma o economista.
Situação da negociação com os grupos patronais
Os grupos que apresentaram propostas de reajuste que incluem a reposição da inflação, um aumento real de 1,2%, a valorização dos pisos e tetos salariais, além da renovação das cláusulas sociais, são os seguintes:
⦁ SINDRATAR
Empresas: Jet Maq, Link Cold, Termo Tek, Searcon Ar Condicionado, entre outras
⦁ SIFESP
Empresas: Vicfer, Aluzinco, Metalvic, Metalor, Metalax, MG.Fundição, Saboo, entre outras
⦁ GRUPO 2 – SINDMAQ E SINAEES
Empresas: Clarios, CNH, Flextronics, Metso, JCB do Brasil, Jaraguá, Vesuvius, De Nora, Emerson, ABB, entre outras
⦁ G8.3 – SIMEFRE, SINAFER e SIAMFESP
Empresas: Apex, YKK, Wyda, Hurth Infer, Ibrafer, Tamboré, Clesse do Brasil, Seco Tools, TT Steel, Grupo Vimax, entre outras
⦁ SIESCOMET
Empresas: Index, KG2, Vital Alumínio, Sismetal, entre outras
SINDICEL
Empresas: Prysmian, Condex, Furukawa, Wec Cabos, Bandai, SEI do Brasil, entre outras
⦁ G3 – SINDIPEÇAS, SINDIFORJA E SINPA
Empresas: Schaeffler, ZF do Brasil, Metalac, Bosch, Kanjiko, Nal do Brasil, Edscha, Gestamp, GK 108, Purem, entre outras
Grupos com rejeição de propostas
⦁ GRUPO 10 E AEROESPACIAL – FIESP
⦁ SINIEM – ESTAMPARIA
Empresas: Imelux, Compreess, Tecstamp, Ita Aços, entre outras
⦁ SICETEL
Empresas: Gerdau, Intacta, Iffa, entre outras