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Coletivo O12 traz ao Parque da Autonomia obra da artista Mariana Muniz

A partir de uma visão crítica e construtiva da sua história na dança e no teatro, Mariana Muniz mergulha nas imagens e dinâmicas interiores, para falar da morte, velhice e da transformação do corpo em contato com o tempo e encerra a turnê D'existir

Assessoria Coletivo O12
Claudio Gimenez

Mariana Muniz faz solo em dança-teatro com referência poética no texto ‘Mal Visto Mal Dito’, de Samuel Beckett

Depois de intensa turnê de seu novo trabalho pelo interior paulista, a bailarina, atriz e diretora Mariana Muniz encerra temporada de “D’Existir”, solo em dança-teatro com referência poética no texto “Mal Visto Mal Dito”, de Samuel Beckett, em Votorantim, no próximo dia 25 de abril (sábado, às 20h), no projeto Parque da Autonomia – Espaço Ambiente Coreográfico Coletivo O¹². Gratuita, a apresentação é parte de projeto contemplado pelo Programa de Ação Cultural – ProAc/2014, da Secretaria de Estado da Cultura, para produção inédita e temporada de Dança.

Viagem imaginária pelo tempo-espaço de Beckett, impulsionada pelos pensamentos, gestos e movimentos de um corpo que se questiona e se revê em suas trajetórias, “D’Existir” traz uma velha artista andarilha, que se vê às voltas com uma série de questionamentos sobre o sentido de seus movimentos. O trabalho nasceu do desejo de revisitar, sob uma ótica diferente, outro solo de teatro-dança interpretado por Mariana: “Speranza! Dona Esperança”, dirigido por José Possi Neto e realizado com apoio dos Prêmios Funarte Klauss Vianna e ProAc 2008/09.

Para montagem de um trabalho cênico sobre o universo da morte a partir de suas experiências com o tema, da personagem Esperança e da leitura do texto de Beckett (além de outros autores como Grotowsky e Schopenhauer), Mariana se deixou seduzir pela ideia da finitude como necessidade advinda da consciência de que somos natureza e mundo e pela possibilidade de traduzir sensorial, cinética e cenicamente o potencial e o medo que essa palavra produz. “Que procedimentos artísticos se tornam concretos com o mergulho na consciência de minha mortalidade?”, indaga.

Ao discutir as imagens de seu corpo como representação mental em suas relações com o mundo de aprendizagens e vivências, e de que forma o tempo e a velhice forjam um corpo de experiências vivas e intensas, Mariana Muniz constrói, em “D’Existir”, uma dramaturgia que sustenta uma confusão voluntária entre jogo ficcional, sua memória de artista e a articulação precisa dos gestos e paragens.

Ainda que não se trate de um projeto cênico coletivo, a poética de “D’Existir” dá continuidade ao processo de investigação da Cia. Mariana Muniz de Teatro e Dança, que se debruça sobre os limites das conexões entre questões cênicas, coreográficas, dramatúrgicas, visuais e performáticas. “O que me alimenta é o diálogo, a relação possível e profícua de interpenetração entre os saberes da dança e do teatro e as questões advindas desse diálogo. Pensar as artes cênicas nesta intersecção nos permite lançar mão da potência expressiva do gesto com um olhar diferenciado e sempre renovado”, acredita Mariana Muniz.

Durante o processo de criação, Clara Carvalho, atriz carioca radicada em São Paulo, que também iniciou sua carreira como bailarina no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, atuou como “provocadora convidada”, trazendo propostas para desestabilização dos apoios corporais e cênicos. Eduardo Tolentino de Araújo, parceiro de Mariana Muniz em outras duas montagens teatrais – “A Mais Forte”, de Strindberg, e “Berro”, de Tennessee Williams – responde pela supervisão geral; a assistência de direção é de Claudio Gimenez; Celso Nascimento compôs a trilha sonora original; Ricardo Bueno se responsabiliza pela iluminação; e Fabio Namatame assina o figurino.

Trajetória

Formada em dança pela Escola do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, a pernambucana Mariana Muniz, desde o encontro com Klauss e Angel Vianna, em 1974, com os quais trabalhou durante quase uma década, dedica-se ao trabalho em teatro e dança contemporânea. Em 1983, quando mudou-se para São Paulo, passou a criar solos, frutos de suas investigações no campo das relações entre a palavra e o movimento e das percepções que se tem do corpo, tanto no Ocidente como no Oriente. No teatro, participou de importantes produções, atuando sob direção de Eduardo Tolentino, Domingos Nunez, Samir Yazbek, Sérgio Ferrara, Ulisses Cruz, Gianni Ratto, Gabriel Villela, Jorge Takla, Roberto Lage, Naum Alves de Souza e Antonio Abujamra.

Recebeu os prêmios Shell de Teatro/melhor atriz (2009); APCA de intérprete em dança com “Dantéa” (2000); APCA de autora-intérprete em dança com “Paidiá” (1989); APCA de revelação como coreógrafa em “Corpo de Baile” (1988); Mambembe de atriz coadjuvante em “Lago 21” (1988); APETESP de melhor coreografia por “Pássaro do Poente” (1987); APCA como intérprete em “Blas-Fêmeas” (1987); e APETESP pela coreografia “O Corpo Estrangeiro” (1986).

Desde 2000, Mariana dirige a Cia Mariana Muniz de Teatro e Dança.

Do projeto: O mais novo centro de arte contemporânea do interior paulista, Parque da Autonomia é um projeto do coletivo de dança Coletivo O12. Lá com cerca de 240 inscritos em cursos de dança, música e canto, os alunos e a comunidade tem ainda a oportunidade de entrarem em contato com obras programadas mensalmente. Além de tudo isso, os bailarinos que coordenam o projeto (Preta Ribeiro, Tati Almeida e Thiago Alixandre), desenvolvem um trabalho de educação de plateias com professores e alunos de escolas públicas estaduais de ensino médio, são cerca de 10 mil alunos beneficiados com o trabalho. O Parque da Autonomia é um espaço que se torna referência cultural na região.

Serviço: “D’Existir”, espetáculo de dança-teatro dirigido e interpretado por Mariana Muniz. Dia 25/4 (sábado, 20h). Parque Ecológico Matão – Espaço Ambiente Coreográfico Coletivo O¹² (Rua Angelo Delapasi, s/n – Parque Bela Vista – Votorantim/SP – tel: 15 99813.4808). Inscrições do workshop pelo email: [email protected] . Classificação indicativa: livre. Duração: 50 minutos. Entrada: GRÁTIS.

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