Começou na terça-feira, dia 2, o encontro dos Coletivos Nacionais de Mulheres, Igualdade Racial e Juventude da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT). Pela primeira vez, os três coletivos realizam esta atividade em conjunto. O objetivo é articular e integrar a política dos coletivos da Confederação e elaborar planos de ação.
A atividade, que reúne um grupo de 50 pessoas composto por representantes das federações e sindicatos de bases estaduais, está acontecendo na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema (SP). A escola é um centro de educação e formação idealizado e mantido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Participaram da mesa de abertura o presidente da CNM/CUT, Paulo Cayres, e os secretários de Juventude, Silvio Ferreira – diretor executivo do SMetal -, de Mulheres, Marli Melo, e de Igualdade Racial, Christiane dos Santos. Além deles, também estão no encontro as secretárias de Formação, Michele Marques, e de Comunicação, Cláudia Marques da Silva.
A secretária de Mulheres destacou a integração inédita dos três coletivos para o fortalecimento e articulação das políticas da CNM/CUT. “São temas transversais. Este encontro empodera jovens, mulheres e negros para fortalecer e potencializar as políticas e ações sindicais nos espaços de participação dentro das federações e sindicatos”, avaliou Marli. “Os secretários acompanham e orientam, mas cabe aos integrantes levarem as propostas encaminhadas durante o encontro”, completou.
Para Silvio, a juventude é um dos principais agentes de transformação e construção da sociedade democrática no mundo. “Vivemos um momento histórico na categoria, pois 63% dos metalúrgicos cutistas são jovens. O propositivo do coletivo é justamente fomentar a participação ativa da juventude metalúrgica no ambiente de trabalho e, assim, construir novos quadros de dirigentes”, explicou.
Já Christiane lembrou do processo de construção do Coletivo que coordena, por meio do curso “Combate ao Racismo para a Construção da Igualdade Racial”, que sensibilizou as entidades de metalúrgicos cutistas para o tema, a partir da troca de experiências e da formação teórica. “A criação do Coletivo foi diferente porque teve tem o intuito de debater e elaborar propostas para superação do racismo no mundo do trabalho e na sociedade. Somos mais um instrumento para combater o racismo e é um compromisso do movimento sindical lutar pela igualdade, principalmente, na questão racial”, afirmou a secretária.
Em sua intervenção Cayres falou da agenda de mobilizações em defesa da democracia e contra o golpe da oposição ao mandato da presidente Dilma Rousseff. “Este é o momento para reafirmar a importância da unidade da classe trabalhadora. Nós, metalúrgicos, vamos participar desta agenda porque não podemos permitir retrocesso nas conquistas dos trabalhadores e sociais”, disse.
Ainda nesta terça-feira, os dirigentes vão fazer um debate sobre a redução da maioridade penal em uma conversa com Douglas Belchior, professor de história e sociologia e militante da Uneafro (União de Núcleos de Educação Popular para Negro e Classe Trabalhadora).
Amanhã, cada Coletivo fará reunião específica, para debater temas que dizem respeito diretamente à sua área de atuação.
ENFF
No início desta tarde, os dirigentes conheceram a estrutura da ENFF. O nome Florestan Fernandes é uma homenagem a um dos maiores pensadores brasileiros. que tinha como princípio colocar o conhecimento a serviço da libertação da classe trabalhadora brasileira.
Atualmente, a escola é dirigida por militantes e educadores populares do MST e realiza cursos para os movimentos sociais brasileiros e da América Latina. A escola recebe o apoio de 500 professores voluntários nas áreas de Filosofia Política, Teoria do Conhecimento, Sociologia Rural, Economia Política da Agricultura, História Social do Brasil, Conjuntura Internacional, Administração e Gestão Social, Educação do Campo e Estudos Latino-americanos.
Além disso, oferece cursos superiores e de especialização, em convênio com mais de 35 universidades (por exemplo, Serviço Social e Direito) e mestrado em Desenvolvimento Territorial na América Latina e Caribe, por meio de convênio com a UNESP e Cátedra UNESCO de Educação do Campo. A ENFF também mantém convênio com mais de 15 escolas de formação em outros países.
De acordo com Josuel Rodrigues, guia da entidade, “a Escola mantém o princípio que não deve receber recursos governamentais, para manter a autonomia político-ideológica de fidelidade apenas à classe trabalhadora”.