O Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) realizou assembleia na Clesse, na manhã desta quinta-feira, 25, para atualizar sobre o andamento das negociações com a empresa e definir os próximos passos junto aos trabalhadores. Entre as pautas discutidas, estão a implantação do vale-alimentação, melhorias no Programa de Participação nos Resultados, alterações no acordo de banco de horas e transporte.
Segundo o dirigente sindical, Alessandro Marcelo Nunes (Marcelinho), uma das principais reivindicações dos metalúrgicos é o fornecimento do vale-alimentação, para substituir o benefício que era pago referente à refeição e foi suspenso em março desde ano. Ele conta que, recentemente, a fábrica mudou de endereço e passou a realizar suas atividades em um condomínio de empresas no bairro Iporanga, à beira da Rodovia José Ermírio de Moraes (SP-75), conhecida como Castelinho.
“Por não ter refeitório na antiga sede, a empresa fornecia vale-refeição aos metalúrgicos. Só que com a mudança, ele foi cortado, pois passaram a fornecer almoço no local de trabalho. Porém, muitos trabalhadores utilizavam do benefício como complemento dos salários e a reivindicação deles agora é a implantação do vale-alimentação, para suprir a falta do benefício”, explica.
Durante a assembleia, ele contou que a demanda foi apresentada à empresa local e também à matriz, na França. No entanto, a resposta da Clesse foi de que pretende fazer um estudo no segundo semestre e há a possibilidade de que o benefício seja implantado no próximo ano, sem prazos, nem qualquer proposta efetiva.
“A resposta vaga da empresa gerou revolta dos trabalhadores e, por isso, tiramos o encaminhamento de marcar mais uma reunião para cobrar uma data para a implantação do vale-alimentação. Entre setembro e outubro, é definido o orçamento da fábrica para o próximo ano e os funcionários querem que o benefício esteja dentro dessa previsão de gastos a partir de janeiro, para que não haja desculpas mais pra frente”, assegura.
E complementa: “se a empresa se recusar a dar um prazo, os trabalhadores estão dispostos a realizar protestos e até mesmo paralisar a produção, caso seja necessário”.
Transporte e segurança
Além da suspensão do vale-refeição, a mudança de local também tem dificultado o deslocamento dos trabalhadores de casa ao trabalho – e vice-versa. Por antes estar instalada no bairro Alto da Boa Vista, com acesso próximo às linhas de ônibus locais, a empresa nunca ofereceu transporte para os funcionários.
Com o novo endereço, que fica à beira da Rodovia José Ermírio de Moraes, o ponto de ônibus mais próximo para chegar até a empresa fica do lado contrário da pista. “Para que eles não tenham que atravessar a rodovia, a empresa montou um esquema na entrada dos turnos de buscá-los no terminal de ônibus. Porém, a volta fica por conta do trabalhador”, esclareceu.
Só que alguns trabalhadores moram nos bairros do outro lado da Rodovia e, todos os dias, correm o risco de serem atropelados ao retornar para suas casas. “O melhor dos mundos seria que a empresa fornecesse um transporte fretado, nos moldes de outras metalúrgicas da região, mas ela alega que o custo é muito alto. Então estamos cobrando que a empresa tome alguma atitude para que, minimamente, esses funcionários que moram no Aparecidinha e adjacências retornem às suas casas em segurança. A vida dos trabalhadores deve vir sempre em primeiro lugar”, destaca.
Banco de Horas
Outra reivindicação dos trabalhadores é um banco de horas que seja negociado pelo Sindicato. Isso porque, há cerca de três anos, a empresa tem imposto aos funcionários acordos de flexibilização de jornada individuais, com base na Reforma Trabalhista. “Não há critérios como limite de horas e eles têm trabalhado quase todos os sábados, sem qualquer benefício como contrapartida”, critica.
Segundo o dirigente, por ser acordo individual, muitas vezes os trabalhadores se sentem acuados em assinar e com medo de fazer questionamentos e serem demitidos. “A partir de agora, estamos cobrando que o banco de horas seja negociado com o Sindicato e siga os parâmetros definidos pela entidade. Não somos contra a flexibilização de jornada, mas esse tipo de acordo não pode prejudicar o trabalhador, muito menos causar constrangimento”.
Na assembleia, Marcelinho informou ainda sobre o andamento das negociações do PPR para 2023. “Já temos uma primeira reunião marcada para definir a Comissão e outros detalhes. Mas antes, queremos ouvir os trabalhadores, para negociar uma proposta condizente com a realidade da fábrica e que atenda às reivindicações de quem é responsável pela produção e lucros da empresa”, conclui.
A Clesse tem cerca de 80 trabalhadores, fabrica reguladores e acessórios para gás e fica no Alto da Boa Vista, em Sorocaba.