A Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM-CUT/SP) e dirigentes dos 13 sindicatos filiados seguem com as negociações da Campanha Salarial 2022. Já foram realizadas reuniões com as bancadas patronais do G.2, G.3, G8.3, Siniem, Sindratar, Sifesp e Sicetel. O encontro com representantes do Sindicel e Siescomet está marcado para esta quinta-feira, 17.
Nas reuniões de negociação, como ocorreu no ano passado, os empresários estão repetindo as propostas de parcelamento do reajuste salarial dos metalúrgicos, além do congelamento nos pisos e tetos salariais.
Erick Silva, presidente da FEM-CUT/SP, enfatiza que a entidade e os sindicatos filiados estão reagindo a essa tentativa das bancadas patronais. “O parcelamento do reajuste salarial e o congelamento dos pisos e tetos não é o melhor caminho para um acordo. Os metalúrgicos merecem a valorização pelo importante papel que desempenham para a produção das empresas. Não aceitamos nada menos que um reajuste integral a partir de 1º de setembro”.
O presidente interino do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), Silvio Ferreira, diz a sinalização é um desrespeito com a categoria. “Se patronal quer parcelar o reajuste, por que não começou a pagar em maio, junho e julho? Falar em parcelamento depois de setembro, sem correção, torna a reposição salarial pela inflação uma mentira. Sabemos bem que, em outubro, com os dados do INPC, o salário dos metalúrgicos já começa a ter perdas”.
Erick completa que é preciso muito empenho da categoria nesse momento. “As negociações ficam mais acirradas à medida que se aproxima da nossa data-base. Por isso, os metalúrgicos de todo estado precisam estar junto com seus sindicatos e com a FEM, unidos e mobilizados, para garantirmos uma Campanha Salarial vitoriosa como nos outros anos”, destaca Erick.
Para Silvio Ferreira, as negociações com os empresários nunca são fáceis. “Mesmo quando temos índices baixos de inflação, as bancadas patronais reclamam na hora de negociar o reajuste da categoria. Quando temos a inflação elevada fica ainda pior. No ano passado, conseguimos repor o salário no valor no INPC e, em alguns casos, garantir aumento real com muita luta e mobilização do SMetal e da categoria”.
Mesmo com manobra do governo, inflação segue alta
Até o momento, em 11 meses, a data-base da categoria tem 9,16% de inflação acumulada. O cálculo leva em consideração o Índice Nacional dos Preços ao Consumidor (INPC), que é medido pelo IBGE.
O INPC registrou queda de -0,60% em julho, puxada principalmente pelas medidas eleitoreiras do presidente Jair Bolsonaro em relação aos preços dos combustíveis. Ainda assim, o grupo de alimentos e bebidas, que é o maior consumo do trabalhador, subiu 1,31% no mês passado.
O secretário-geral da Federação, Max Pinho, aponta que tais medidas não estão surtindo efeito na vida da classe trabalhadora. “Bolsonaro está desesperado com as pesquisas e com a proximidade das eleições, por isso tenta enganar com medidas eleitoreiras. O que ele tem feito visa melhorar sua imagem, mas são ações imediatistas e com prazo para acabar. E, ainda assim, o custo de vida continua pesando no bolso dos trabalhadores”.
Silvio também aponta para o alto custo de vida dos trabalhadores. “Mesmo com a queda no preço, a gasolina continua bem mais cara dos tempos atrás. Além disso, são alimentos que mais pesar no orçamento das famílias. Em Sorocaba, o leite subiu mais de 70% somente em 2022. Uma cesta básica na cidade custa mais de 90% do salário mínimo, ou seja, as medidas eleitoreiras de Bolsonaro não chegaram no bolso do trabalhador brasileiro”
Max destaca o alto índice acumulado até o momento para a data-base de 2022. “Mesmo com a deflação do mês passado, temos 9,16% de perdas nos nossos salários e os preços, principalmente dos alimentos, continuam subindo consideravelmente. Ou seja, continuamos pagando o preço desse desgoverno que não pensa na sociedade brasileira e, por isso, precisamos ir firmes em busca de um reajuste digno, que garanta dinheiro no bolso dos metalúrgicos”.
Eleições 2022 são importantes para mudar o cenário
O tesoureiro da Federação, Adilson Faustino, conhecido como “Carpinha”, lembra da importância das eleições de 2022 para toda classe trabalhadora. “Não podemos mais ter quatro anos de Bolsonaro, de desvalorização do nosso dinheiro, de ataques aos direitos trabalhistas e à democracia. É nosso compromisso eleger parlamentares e executivos comprometidos com os trabalhadores e com a recuperação do Brasil”, diz ele.