São Paulo – Pelo menos uma dezena de categorias participa hoje (11), por todo o país, de protestos contra o governo Temer e sua agenda de ajuste fiscal, que, conforme afirmam os trabalhadores, embute redução de investimentos e retirada de direitos sociais. “Querem jogar a conta do corte de gastos em cima dos trabalhadores”, afirma o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques. Ele critica o governo por não mexer onde gasta muito, “com o pagamento de mais de R$ 960 bilhões por ano aos banqueiros com juros da dívida pública”.
Em São Paulo, a última atividade do dia está marcada para a Praça da Sé, a partir das 16h30. De acordo com os organizadores, aderiram ao movimento metalúrgicos, bancários, químicos, petroleiros, professores, eletricitários, servidores (federais e municipais), condutores de várias cidades de São Paulo, em Recife, Natal e no Distrito Federal e trabalhadores da Sabesp e da construção civil.
Na região do ABC, entre outras atividades, depois de um ato no Pavilhão Vera Cruz, em São Bernardo do Campo, trabalhadores de várias categorias marcharam até a rodovia Anchieta. Metalúrgicos fizeram panfletagem no terminal metropolitana de Piraporinha, entre São Bernardo e Diadema. Em Santo André, também houve panfletagem pela cidade.
Entre os bancários, houve atraso no início das atividades em algumas das principais concentrações, além de corredores de bancos em várias regiões de São Paulo, de acordo com o sindicato da categoria. Centros administrativos do Itaú (CAT e ITM) também abriram depois do horário normal. “Nós não vamos aceitar a precarização do nosso trabalho, a redução de salários, que nos imponham a alta rotatividade comum entre os terceirizados, o alto grau de adoecimento, muito maior do que a gente tem na categoria”, afirmou a presidenta da entidade, Juvandia Moreira. “A terceirização é sinônimo de precarização, é sinônimo de retirada de direito.”
“Trancaços”
No Vale do Paraíba, interior paulista, trabalhadores da Monsanto (São José dos Campos) e da Tarkett (antiga Fademac, em Jacareí) paralisaram atividades por 24 horas. Além do dia de protestos, o ato também faz parte da campanha salarial dos químicos, que têm data-base em 1º de novembro.
Segundo os movimentos, houve “trancaços” em várias estradas e vias importantes. Em São Paulo, a Avenida João Dias, estrada de Itapecerica e M’ Boi Mirim tiveram o tráfego interrompido logo no início do dia. Houve protesto e paralisação na rodovia Anhanguera, na entrada do município de Sumaré, na região de Campinas. Houve ainda registros de bloqueios e manifestações nas rodovias Anchieta (que liga a capital ao litoral sul), Dutra (São Paulo-Rio), Régis Bittencourt (São Paulo-Sul), Anhanguera (da capital paulista ao norte do estado), além da estrada Jacu-Pêssego, na zona leste paulistana.
Ainda na região da Campinas, um ato contra a terceirização bloqueou pela manhã um trecho da Rodovia Professor Zeferino Vaz, em frente à Refinaria do Planalto (Replan). Houve atraso na entrada do turno. A atividade também integra semana de mobilizações da Federação Única dos Petroleiros (FUP) contra a política de privatização e arrocho da Petrobras. Organizado por movimentos que formam as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, o protesto, que durou três horas, reuniu cerca de 500 pessoas, segundo os petroleiros. Também estavam presentes profissionais da educação, urbanitários e trabalhadores da construção civil e da área de distribuição de petróleo e gás.
O ato também chamou a atenção para o julgamento, no Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que veda a terceirização na atividade-fim (principal) das empresas. “A terceirização ocorre hoje de forma precária e a súmula é que proporciona o mínimo de direitos ao terceirizado. Se o STF derrubar a súmula, essa garantia não existirá mais e a terceirização será aberta de forma ampla e irrestrita”, afirmou o diretor do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro Unificado-SP) Arthur Bob Ragusa.
Segundo ele, a condição de trabalho dos terceirizados já é bastante precária e com a destituição da súmula ficará ainda pior. Os terceirizados ganham em média 27% a menos que os trabalhadores próprios, trabalham três horas a mais por semana e enfrentam maior rotatividade. “No caso específico da Petrobrás, de cada 10 acidentes que acontecem, oito são com terceirizados”, afirmou o dirigente.
Na Bahia, um ato fechou a BA-535 nos dois sentidos, em Camaçari, região metropolitana de Salvador. Em Pernambuco, houve bloqueio nas ruas do centro de Recife. No Espírito, a manifestação foi no Km 67 da BR-101, em São Mateus, norte do Espírito Santo. O protesto terminou por volta das 9h.