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Mulheres

Aumenta a presença de mulheres no comando das famílias, revela IBGE

As mulheres têm assumido cada vez mais o comando das famílias, inclusive como provedoras, e têm optado por terem filhos cada vez mais tarde

Jornal Cruzeiro do Sul
Aldo V Silva

O sociólogo, Vidal Junior destaca que, apesar dos avanços, as mulheres ainda ganham menos que os homens

As mulheres têm assumido cada vez mais o comando das famílias, inclusive como provedoras, e têm optado por terem filhos cada vez mais tarde. Apesar de apresentarem melhores níveis de escolaridade e ter uma participação maior no mercado de trabalho, elas continuam a receber menos que os homens, e apresentam até mesmo queda no rendimento médio num período de dez anos. Esses dados fazem parte de um novo estudo sobre estatísticas de gênero divulgado na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base nos Censos de 2000 e 2010.

Retrato local

Em Sorocaba, no período de dez anos, o número de sorocabanas que assumiram a chefia da família e se mantiveram sem filhos aumentou em 713%. Em 2000, 937 mulheres apresentavam esse perfil na cidade, em 2010 esse número subiu para 7.620. Um avanço expressivo também foi identificado em relação às mulheres com filhos que passaram a chefiar o lar, saltando de 3.297 em 2000 para 18.647 em 2010, um aumento de 465% no período. Outro perfil que também tem se destacado é o das mulheres com filhos e sem cônjuges que assumiram os lares sozinhas. Em 2000, 17.764 delas estavam nesse grupo e, em 2010, passaram para 24.163 (36% a mais).

O estudo do IBGE demonstrou também que as mulheres têm deixado para ter filhos mais tarde na última década. No ano 2000, 67% das mulheres na faixa etária de 25 a 29 anos tinham filhos. Esse índice caiu para 55% em 2010, uma redução de 12 pontos percentuais. Também na faixa dos 20 aos 24 anos, a redução foi semelhante. Cerca de 42,8% das mulheres dentro desta faixa etária tinham filhos em 2000 e caiu para 31,6% em 2010. Houve queda também entre as mulheres com idade de 30 a 34 anos, que passaram de 80,3% em 2000 para 71,5% em 2010.

Escolaridade e renda

Além de assumirem maior responsabilidade junto às famílias, as mulheres têm investido mais na formação escolar e participado mais ativamente no mercado de trabalho. No ano 2000, 10,9% das sorocabanas tinham ensino superior completo. Esse índice passou para 17,8% em 2010. Entre as que têm o ensino médio completo, mas ainda não concluíram o ensino superior, o avanço foi ainda maior. Em 2000, 18,1% tinham esse perfil e em 2010 saltou para 29,2%.

A participação das mulheres no mercado de trabalho também aumentou no período de dez anos apurado no estudo do IBGE. No ano 2000, 93.446 sorocabanas se declararam economicamente ativas. Dez anos depois esse número saltou para 134.204, um aumento de 43,6% no período apurado.

Esse avanço não se refletiu, no entanto, na remuneração das trabalhadoras sorocabanas, que tiveram, segundo o estudo, um recuo na renda média no período de dez anos. Em 2000, o rendimento médio das mulheres com carteira assinada em Sorocaba era R$ 1.216 e caiu para R$ 1.167 em 2010. Aquelas que trabalhavam por conta própria também passaram a ganhar menos, passando de R$ 1.377 em 2000 para R$ 1.226 em 2010.

No comparativo com o salário médio pago aos homens, as mulheres também continuam na retaguarda, embora tenham diminuído um pouco essa diferença no período apurado pelo estudo. Em 2000, o rendimento médio das mulheres correspondia a 58,3% dos homens e passou para 66,7% em 2010. A maior proximidade foi verificada entre as mulheres na faixa etária de 25 a 39 anos, que em 2010 chegaram a receber 72,2% da remuneração média paga os homens. Em 2000, era de 69,1%. Já as mulheres de 40 a 59 anos são as que têm a maior diferença em relação à remuneração média dos homens (60%) em 2010. No ano 2000 era de 50%.

Maior representatividade

Para o sociólogo Vidal Dias da Mota Júnior, professor da Universidade de Sorocaba (Uniso), os dados do estudo do IBGE demonstram que a participação da mulher na sociedade e no mercado de trabalho tem apresentado uma tendência de aumento gradativo, embora ainda se verifique uma desigualdade, principalmente em relação à remuneração. Mesmo que as mulheres sejam maioria hoje nas universidades e representem um índice maior de escolaridade, cita ele, elas continuam a ser desvalorizadas financeiramente e com menores oportunidades de ascensão em sua carreira. “As mulheres têm assumido cada vez mais responsabilidades, mas ainda são prejudicadas pela predominância do machismo em muitos setores”, diz.

Vidal Júnior acredita, no entanto, que essa realidade vem mudando e os números a serem apresentados nos próximos estudos devem demonstram uma equidade maior entre os dois gêneros. O sociólogo afirma que no atual estudo do IBGE essa tendência já se confirmou, tanto que remuneração média paga às mulheres já avançou um pouco mais em relação aos homens. Ele acredita que o fato do Brasil ter um mulher na presidência da República, reeleita para seu segundo mandato, e um número maior de mulheres ministras, além da obrigatoriedade para uma cota mínima de mulheres como candidatas, acaba influenciando o restante da sociedade na valorização do papel da mulher. “É um processo lento, mas certamente está avançando, o que deverá se confirmar nas próximas estatísticas.”

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