Depois de 15 dias em greve e intensa negociação entre o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) e representantes da Sidor, os trabalhadores resolveram dar um voto de confiança à empresa e retornaram às atividades na manhã desta terça-feira, dia 7. O fim da paralisação foi definido em plenária realizada na última sexta-feira, na sede do SMetal, que aprovou a proposta de parcelamento dos salários e benefícios atrasados.
De acordo com o secretário-geral da entidade, Silvio Ferreira, além de definir as datas dos depósitos dos vencimentos atrasados (salário, vale-transporte e vale alimentação), que será parcelado em duas vezes, o Sindicato inseriu no acordo uma multa em casos de novos atrasos. Os funcionários do administrativo estão com os salários atrasados desde 5 de janeiro e, da produção, desde o dia 20.
“Infelizmente, essa situação vem se arrastando há anos, já virou cômodo para a empresa e uma verdadeira tortura para os funcionários. Por isso, tentamos construir uma trava para evitar novos atrasos e, se não honrarem o acordado, teremos a garantia de que paguem uma multa para cada trabalhador”, explica.
O dirigente do SMetal, Alessandro Marcelo Nunes, responsável pelas negociações com a Sidor, conta que, além da multa, os trabalhadores decidiram que, caso a empresa descumpra o acordo e atrase novamente o pagamento do vale ou do salário, a produção será paralisada imediatamente. A primeira parcela do acordo está prevista para ser paga nesta quinta-feira, dia 9.
“A empresa alega a falta de fluxo de caixa para pagar tudo de uma vez e, por isso, a necessidade de parcelar os vencimentos atrasados. Ao aceitar essa proposta, os trabalhadores estão dando mais um voto de confiança à fábrica e esperamos que eles cumpram o combinado e resolvam essa situação de uma vez por todas”, destaca Marcelinho.
Na negociação, o SMetal garantiu ainda que a empresa assumisse 100% dos dias parados, ou seja, os trabalhadores não terão que fazer compensação, nem terão descontadas as horas não trabalhadas nos salários. Antes de retornarem ao trabalho, nesta terça, dia 7, o dirigente Marcelo esteve na fábrica reforçando que o Sindicato segue acompanhando de perto a situação dos metalúrgicos da Sidor.
Desligamento
Marcelo explica que, cansados da situação, alguns funcionários têm demonstrado há meses a vontade de encerrar o contrato de trabalho com a empresa. Por isso, o Sindicato negociou também uma proposta de desligamento com parcelamento das verbas rescisórias, que teve adesão de sete trabalhadores.
“Cada um sabe a sua realidade e é compreensível que muitos não aceitem mais viver nessa insegurança, de não saberem o dia de amanhã. Também sabemos o quanto uma demissão impacta no orçamento familiar e na vida desses funcionários, por isso buscamos negociar o melhor acordo possível diante da realidade da fábrica”, disse.
A Sidor produz autopeças e acessórios automobilísticos e está localizada na zona industrial de Sorocaba.