Em especial ao Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) promoveu nesta terça-feira, 25, o evento “Aquilombar: a mulher negra como resistência”. O encontro, organizado pelos coletivos de Mulheres e Racial do SMetal, promoveu uma roda de conversa com profissionais de diversos setores da sociedade.
“Esse é o segundo encontro do Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha que realizamos aqui, no SMetal. No primeiro encontro, fizemos uma festividade e, desta vez, priorizamos fazer um bate-papo para nos conhecermos melhor”, contou a dirigente Nazaré Inocência da Silva, trabalhadora da Flextronics e coordenadora do Coletivo de Mulheres do SMetal. “É muito importante conversar e fazer essa troca de saberes, porque nós, mulheres negras, temos muito a ensinar e muito a aprender”, finalizou.
Mulheres no ramo metalúrgico
Trabalhadora da Gestamp e dirigente do SMetal, Priscila dos Passos Silva foi uma das participantes da roda de conversa e falou sobre a mulher negra no mercado de trabalho, especialmente no ramo metalúrgico. Ela ressaltou que o tema é muito complicado, pois a aparência é o primeiro aspecto levado em consideração no processo de uma nova contratação.
“Quando nós, pessoas negras, estamos em uma entrevista de emprego, primeiro mostramos o nosso rosto, o que vestimos e o nosso cabelo. Para, depois, os recrutadores avaliarem como é o nosso trabalho”, disse Priscila, que também é psicóloga, secretária da Juventude da CUT e dirigente executiva da Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM).
Ela destacou que, no Sindicato dos Metalúrgicos, negociadores estão em diálogo com os Recursos Humanos das empresas para que contratem mais mulheres e, sobretudo, pessoas negras. Entretanto, essa contratação não deve ser feita “a qualquer custo”.
“Antes de contratar, é necessário fazer um estudo de ergonomia. Por exemplo, a empresa contrata uma mulher, e aí ela faz um trabalho que lesiona. E depois? Isso demonstra a importância de dialogar e estudar sobre esses assuntos, e é o que discutimos, muitas vezes, aqui no SMetal. Não é só inserir a mulher no mercado de trabalho: é saber exatamente onde ela deve trabalhar e qual função deve desempenhar”, finalizou.
Rosana Aparecida, secretária de Combate ao Racismo da CUT-SP, também participou da roda de conversa e destacou que o papel dos sindicatos é “discutir com os RHs, fazer uma formação e criar cláusulas de promoção de igualdade para todos e todas, principalmente para as mulheres negras”.
Também participaram da roda de conversa: Regina Cardoso, enfermeira; Marilda Corrêa, pedagoga e empreendedora; Juliana Cristina Borges, arquiteta e empreendedora; Gleice Marciano, pedagoga e integrante do Nucab (Núcleo da Cultura Afro-Brasileira); e Maria Aparecida da Costa Batista, consultora e assistente social. A programação contou, ainda, com apresentação do músico e compositor Nei Marciano.
Sobre o dia 25
O Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha foi instituído em 1992, no 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, na República Dominicana. A data, celebrada no dia 25 de julho, homenageia Tereza de Benguela, líder quilombola que ajudou comunidades negras e indígenas na resistência à escravidão no século XVIII.
O termo aquilombar, no contexto atual, está relacionado à criação de espaços coletivos de pertencimento, fortalecimento de laços, de memórias e de identidade cultural para a população negra.