A mobilização e união dos trabalhadores da Faurecia, que paralisaram a linha de produção por duas horas na semana passada, foram fundamentais para a conquista de um pacote de melhorias na fábrica. Entre os avanços estão: equiparação salarial com os funcionários da planta de Limeira, que representa um aumento de 37,65% até 98,3% nos salários; reajuste de 31,77% no vale-refeição e a desvinculação das negociações do Programa de Participação nos Resultados (PPR) com a matriz.
O dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), Alessandro Marcelo Nunes, explica que a mudança na forma de negociação do PPR significa que, além de implementar metas condizentes com o trabalho realizado em Sorocaba, sem depender do atingimento dos indicadores da planta Limeira, os trabalhadores terão um crescimento de até 19% no valor do PPR em relação ao ano passado.
“Essa mudança é uma reivindicação antiga dos trabalhadores. Ano passado, por exemplo, eles foram surpreendidos com o desconto de quase mil reais na segunda parcela do PPR porque a produção da matriz não atingiu uma meta específica, que não tem qualquer relação com Sorocaba. A partir de agora, o Programa passa a ter indicadores próprios e com base no trabalho que eles executam”, explicou.
Os reajustes nos salários e no vale-refeição começam a valer a partir do mês de agosto. Já o Programa de 2022 será pago em duas parcelas, sendo a primeira parcela ainda neste mês – com um reajuste de 20% – e a segunda, atrelada às metas, em 2023. O resultado da negociação entre o SMetal e a fábrica foi informado aos trabalhadores na tarde desta quarta-feira, dia 20, pelo dirigente sindical.
Reconhecimento dos patrões
Durante a conversa com os metalúrgicos, Marcelo enfatizou que, além do pacote de melhorias, uma das principais conquistas foi o respeito e reconhecimento por parte da empresa. “Nas reuniões realizadas com os representantes da sistemista logo após o protesto, eles assumiram que faltou diálogo e atenção com esses trabalhadores. Que apesar de estarem distantes da matriz, o trabalho deles é fundamental para os bons resultados da empresa e esperamos que daqui para frente esse reconhecimento seja mantido”, destacou.
E completou: “por mais que seja uma empresa pequena, com apenas oito trabalhadores, a união deles foi fundamental para essa conquista. A Faurecia é uma sistemista da Toyota na qual, qualquer parada, afeta a produção da montadora. Por isso, gostaria de parabenizar esses metalúrgicos que mostraram a sua força, confiaram no seu Sindicato e garantiram tantas melhorias”.
Futuro da empresa
Outra reivindicação dos trabalhadores foi transparência sobre um possível fim do contrato com a Toyota, que poderia resultar no fechamento da planta de Sorocaba. De acordo com o dirigente, a empresa explicou que tem contrato firmado com a montadora para o fornecimento de escapamento até 2024.
“Porém, caso haja qualquer mudança, a empresa se compromete a manter o diálogo e a transparência com o Sindicato e com os trabalhadores. E se mais para frente for necessário, a sistemista afirmou que está aberta a negociar um pacote de benefícios e dar todo o amparo possível a esses funcionários”, disse.
A Faurecia é uma multinacional francesa e é a 7ª maior fornecedora automotiva do mundo. A planta de Sorocaba tem oito trabalhadores, é responsável pelo fornecimento e separação de escapamentos para a Toyota e fica na nova zona industrial.