São Paulo – O governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), entregou outras secretarias a aliados em troca do apoio ao candidato tucano à prefeitura de São Paulo, João Doria. Além da pasta de Meio Ambiente, entregue ao advogado Ricardo Salles (PP), a secretaria de Turismo foi entregue ao presidente do PHS em São Paulo, Laércio Benko, e a Cultura passou ao controle de Romildo Campello, presidente do PV em Mogi das Cruzes, nomeação depois anulada. As nomeações vinham sendo analisadas pelo Ministério Público Eleitoral em São Paulo, que ontem (26) pediu a cassação do registro de Doria e punição a Alckmin, por abuso de poder político.
A denúncia formalizada pelo promotor José Carlos Bonilha, responsável no MP pelas eleições na capital paulista, se resume à indicação de Salles. “A nomeação ocorreu em barganha política. O PP ofertou tempo para a Coligação Acelera SP [de Doria], e, em troca, recebeu a secretaria de estado. Isso a lei não permite porque há desvio de finalidade. Usa-se a secretaria de estado como ‘moeda’ de troca”, explicou Bonilha. Não há prazo para julgamento da ação.
Todas as nomeações, no entanto, foram feitas após os partidos confirmarem o apoio a Doia, condição que foi repercutida na imprensa. Salles, ex-secretário pessoal de Alckmin e fundador do Movimento Endireita Brasil, foi empossado em 18 de julho. Substituiu a professora doutora de direito ambiental Patricia Iglecias, embora sua experiência na área se resuma à participação no Comitê de Desenvolvimento Sustentável da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira (CCILB).
Benko foi empossado no Turismo em 9 de agosto. Também advogado, ele deixou o cargo de vereador na Câmara Municipal de São Paulo para dirigir a pasta. E substituiu Romildo Campello, que havia sido indicado à secretaria dois meses antes. Campello chegou a ser empossado na Cultura, em 31 de agosto, mas foi muito criticado por não ter experiência na área. Hoje ele é secretário-adjunto do Turismo.
Além de PP, PHS e PV, fazem parte da coligação Acelera SP, de apoio a Doria, os partidos: DEM, PPS, PSB, PMB, PSL, PT do B, PRP, PTC e PTN.
O advogado da Acelera SP, Anderson Pomini, disse que ainda não foi notificado, mas acredita que a denúncia será arquivada. “Pelo que se extrai das notícias, as razões do ilustre promotor reveladas há poucos dias da eleição, são frágeis e carecem dos mínimos elementos probatórios. Parte-se de uma premissa equivocada e sem respaldo legal que pretende impedir que o candidato João Doria receba apoio de partidos e de lideranças políticas”, afirmou.
O governo Alckmin informou que “os esclarecimentos que o governo estadual encaminhará serão suficientes para demonstrar a improcedência da referida ação judicial”.