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Abastecimento de água

Adutora de água passará por avaliação

Saae contratará uma empresa para fazer diagnóstico da tubulação. Objetivo é evitar novos rompimentos

Jornal Cruzeiro do Sul
AI / SAAE SOROCABA

Reparo em adutora foi concluído, mas rompimento acelerou processo de revisão da estrutura

Para evitar novos rompimentos na principal adutora de captação de água bruta de Sorocaba, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) vai contratar uma empresa para fazer um diagnóstico das tubulações. Hoje ainda pode haver interrupções no abastecimento nas regiões atendidas pelos centros de distribuição da Vila Haro, Campolim, Vila Barão e do condomínio Granja Olga. Os demais 21 centros da cidade apresentam fornecimento de água normal desde ontem, segundo o Saae (leia mais sobre a falta de água no texto ao lado).

O abastecimento de água em Sorocaba ficou prejudicado depois do rompimento da principal adutora de água bruta da cidade, no sábado à tarde, em um trecho onde a tubulação fica exposta, no Jd. Pagliato, na praça ao lado da rua Lituânia. Moradores de todas as regiões da cidade ficaram com as torneiras secas desde a noite de sábado. Para escolas, creches e unidades de saúde, o Saae encaminhou água com caminhões-pipa.

O diretor-geral do Saae de Sorocaba, engenheiro Adhemar José Spinelli Junior, conta que foi realizada uma reunião na manhã de ontem para planejar a prevenção de novos rompimentos da adutora de 800 milímetros, que é a principal da cidade a trazer água da represa de Itupararanga à Estação de Tratamento de Água (ETA) do Cerrado. “Estamos iniciando um processo de orçamento e contratação de um diagnóstico da adutora como um todo”, informa.

Uma empresa que realiza o serviço também foi procurada para fornecer um orçamento do serviço, que servirá de parâmetro para a elaboração de um edital de licitação. A empresa vencedora fará um estudo para identificar as condições das bases de sustentação da adutora, do estado de conservação da tubulação e condições ambientais dos 14 quilômetros por onde ela passa, com prioridade para as áreas onde há parte da tubulação exposta, chamada de tubulação aérea. “O fato de ser aéreo é agravante porque expõe a riscos maiores, principalmente na sustentação”.

Spinelli afirma que esse diagnóstico já era previsto, mas o processo foi acelerado agora diante do rompimento ocorrido no sábado. Com o estudo, serão identificadas as eventuais medidas corretivas necessárias e ações preventivas para aprimorar a manutenção realizada pelas equipes do Saae. “A inspeção visual é feita periodicamente. Todo dia temos uma equipe que percorre os 14 quilômetros das adutoras verificando se há risco, pontos de vazamentos, e isso é orientado às equipes de manutenção”, diz o diretor.

Adutoras de captação

A adutora de água bruta que rompeu-se no sábado é feita de aço, com 800 milímetros de espessura e 20 anos de idade, a mais nova do sistema de captação por Itupararanga. Enquanto estava sendo reparada, duas outras adutoras captavam água da represa de Votorantim, uma adutora de ferro fundido de 500 mm e outra de concreto com 350 mm.

Uma quarta tubulação vinda de Itupararanga, de 500 mm, está em reforma. Ela foi desativada em 2009 para os reparos, mas a empreiteira que venceu a licitação não concluiu as intervenções. Com a retomada das obras, no final de agosto de 2014, a expectativa do Saae é finalizar a reforma em 60 dias para dar mais segurança ao sistema de captação.

Além da captação em Itupararanga, a ETA Cerrado também recebe água da represa de Ipaneminha, por duas adutoras que mandam o líquido por bombeamento, uma de 400 mm e outra de 500 mm. O fluxo de água é mais rápido, mas com vazão menor do que de Votorantim, que chega por gravidade.

O rompimento das adutoras que captam água de Itupararanga causou desabastecimento em toda a cidade também em 2004, por seis dias, e em 2006, que registrou cinco dias sem água. Os deslizamentos de pedras na Serra de São Francisco foram os causadores. Para evitar novos rompimentos, a Prefeitura investiu R$ 15 milhões entre 2010 e 2012 para proteger as adutoras, construindo muros de contenção e instalando malhas de aço.

Regiões altas podem ter desabastecimento

As regiões mais altas dos bairros atendidos pelos centros de distribuição da Vila Haro, Campolim, Vila Barão e do condomínio Granja Olga ainda poderão sofrer com interrupções no abastecimento de água hoje, a depender dos padrões de consumo.

A previsão do Saae é de que possam ocorrer interrupções curtas nos horários de pico, mas em menores proporções do que no sábado à noite, domingo e segunda-feira. Os demais 21 centros estão normalizados. Na Vila Haro, Campolim e Granja Olga o problema é a localização geográfica dos reservatórios, que são mais altos e demandam maior pressão para serem abastecidos. Na Vila Barão o motivo é o maior consumo.

Na Vila Angélica, a proprietária de um pet shop com serviço de banho e tosa, Tânia Coelho, 43, precisou desmarcar e recusar clientes. As torneiras e a caixa de água permaneceram secas ontem, e os funcionários contavam apenas com um reservatório emergencial. Para beber, foi preciso comprar garrafas de água. “Prejudica o negócio. E não é só dessa vez, aqui vive faltando água”, reclama. Na residência onde mora, no bairro dos Morros, o abastecimento só ficou interrompido domingo, retornando ontem.

Outro comércio prejudicado é a padaria de Riberto Fonseca, 52, na Vila Barão. Ele teve que improvisar para fornecer água à máquina que funciona com vapor e para lavar a louça. Por volta das 15h não havia água chegando, mas ele conta que houve períodos de abastecimento na madrugada e depois das 9h às 11h. Acostumado com o problema, pois mudou-se de São Paulo para Sorocaba em outubro do ano passado, Fonseca diz que já se preveniu. “Eu capto água da chuva por um sistema que improvisei, armazeno água para beber na geladeira e economizo nos banhos”.

A dona de casa Claire Antunes de Oliveira, 64, também ficou sem água no domingo e na tarde de ontem na Vila Barão. “Mesmo vindo de madrugada e por duas horas de manhã, não tem força para subir no chuveiro. Tomamos banho de balde”. (M.B.)

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