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Editorial

A verdade realmente liberta

Editorial da Folha desta semana fala sobre os avanços da última semana com a Greve Geral e o Dia do Trabalhador, e quais são os desafios que se colocam para a classe trabalhadora brasileira

Imprensa SMetal
Gabriela Guedes/Imprensa SMetal
A população demonstrou respeito à sua história operária.

A população demonstrou respeito à sua história operária.

Passado menos de um ano após o golpe parlamentar e midiático contra a democracia, simbolizado pelo impeachment sem sustentação legal da presidenta Dilma, a grande maioria da população já está vacinada contra as tramóias e manipulações da direita.

Por população entenda-se trabalhadores da ativa e aposentados, estudantes e os pequenos empresários que estão cientes de que eles não são os tubarões das finanças para os quais o golpe foi armado para beneficiar.

Não foi por acaso que 40 milhões de brasileiros aderiram à greve do dia 28 de abril. Sorocaba, cansada de ser um ninho tucano, demonstrou respeito à sua história operária e teve uma participação importante no movimento, bem como deu show de envolvimento e consciência sócio-política no 1º de Maio do SMetal.

A verdade está vindo à tona. A “grande imprensa”, trombeta de longo alcance dos golpistas, perde credibilidade a cada dia. A farsa dos noticiários e das redes sociais dos últimos anos vem sendo desmascarada.

Hoje também temos uma noção melhor de como os inimigos da classe trabalhadora estão encravados em todas as instâncias de poder; e contam com os donos dos grandes veículos de comunicação para tentar vendê-los ao público como “heróis da moralidade”, até que os fatos provem o contrário.

Ao tomar o poder de forma tão desavergonhada, a direita veio com muita sede ao pote para garantir um futuro extremamente lucrativo para os empresários nacionais e internacionais que vivem da renda de ações (os rentistas); e só ligam para a produção quando ela é vantajosa para negociar suas quotas acionárias no mercado financeiro.

Agora, em maio de 2017, a maioria da população já percebeu que a desatenção à artimanha golpista resultou em um ataque sem precedentes aos direitos sociais, trabalhistas e previdenciários de todos os brasileiros.

Argumentos falsos e manipulações da direita não colam mais. Dizer que o motivo dos sindicatos terem ajudado a organizar a greve do dia 28 foi o risco de perder o imposto sindical, por exemplo, é uma mentira estúpida.

A CUT é contrária ao imposto sindical desde que foi fundada, em 1983. O imposto é uma antiga lei federal que nunca foi derrubada porque os grandes empresários não queriam, pois as organizações patronais sempre usufruíram financeiramente dele.

Sindicatos, federações e confederações patronais recebem sua parte no imposto, pago pelas empresas em março, com base em seu capital social.

Agora que Paulo Skaf, da Fiesp, e seus aliados do meio patronal, contam com o governo Temer e a grande maioria do Congresso para satisfazer suas vontades e necessidades imediatas e futuras, talvez o imposto não seja mais necessário para eles.

A tomada de consciência e as mobilizações recentes podem levar a classe trabalhadora a vencer desafios e manter seus direitos. Podem e devem, também, proporcionar o amadurecimento da democracia.

Esse amadurecimento implica no eleitor votar consciente de quais interesses os candidatos representam. É ingenuidade acreditar no lugar-comum, repetindo que o político só representa o interesse dele mesmo.

Na hora de assinar ou votar cada medida ou projeto de lei, todo político está representando o interesse de algum segmento social: dos empresários, banqueiros, ruralistas; ou dos trabalhadores. O importante, na democracia próspera, é o cidadão saber se o candidato representa o segmento social do qual ele, eleitor, faz parte.

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