Foi grotesca a atitude de alguns chefes e encarregados durante o ato pela redução de jornada na terça, dia 23, que buscaram trabalhadores no local da manifestação.
Da mesma forma, foi lamentável a atitude dos chefes que seguraram trabalhadores do terceiro turno após o fim do expediente para impedir que eles aderissem ao ato no início da manhã.
Houve casos de supervisores ou chefes irresponsáveis que, com carro da empresa, trafegaram em alta velocidade na avenida Independência transportando meia dúzia de operários que haviam sido forçados a deixar a manifestação.
Não se sabe se esses chefes tomaram tais atitudes bizarras por conta própria ou se receberam ordens de seus superiores. De qualquer forma, a responsabilidade por eventuais acidentes ou incidentes correram por conta da empregadora.
Sabemos que existem encarregados tão bajuladores que às vezes se tornam “mais realistas do que o rei”. Também há operários que agem assim para agradar a seus chefes. São eles, em ambos os casos, chamados de pelegos pelo movimento sindical.
O Sindicato não aceita das empresas a desculpa de que não autorizou o comportamento abusivo de encarregados. A responsabilidade final pelos desatinos de subordinados é da direção da empresa. Disso não temos dúvidas.
As denúncias de pressões das empresas/encarregados pela não-participação de trabalhadores no ato chegaram ainda durante a manifestação. Telefonemas, recados por escrito e relatos de ocorrências nas fábricas foram anunciados pelos sindicalistas ao microfone (leia matéria na página 4).
Estamos conscientes de que as manifestações sindicais da CUT e a redução de jornada incomodam certos patrões e pelegos. A disputa entre as classes trabalhadora e a patronal pela distribuição das riquezas produzidas — e pelas decisões tomadas nas instâncias de poder — não acabaram. Mas a mentalidade estreita, as reações anti-democráticas e a irresponsabilidade de alguns empresários e seus bajuladores ainda nos espantam.
No entanto, não é porque a situação nos causa espanto que vamos recuar. Pelo contrário, a reação desproporcional de certas empresas nos estimula ainda mais a avançar na luta, pelas 40 horas e qualquer outro direito ou benefício aos trabalhadores.