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Editorial

A incessante luta pela sobrevivência

O editorial da Folha 895 pontua que o trabalho tem que ser digno e emancipador, sem opressão e sem ceifar vidas.

Imprensa SMetal
Divulgação
No Brasil, os números de acidentes de trabalho são alarmantes

No Brasil, os números de acidentes de trabalho são alarmantes

A comoção e a dor envolveu a todos diante das mortes dos trabalhadores Jailton, 33 anos, e de Emerson, 19, na Metso Fundição e na Carmar, respectivamente. Em um período curto de nove dias foram dois acidentes de trabalho fatais.

De acordo com o Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, desde o início de 2017, ao menos um trabalhador brasileiro morreu a cada quatro horas e meia vítima de acidente de trabalho. Esse estudo foi desenvolvido pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e apresentado na segunda-feira, dia 5 de março.

Não podemos admitir essa situação. Em um país que teve, recentemente, um retrocesso na legislação trabalhista, que precariza ainda mais o trabalho, é urgente que transformemos nossas dores em ações pela vida.

Essa reforma trabalhista flexibiliza ainda mais a forma de contratação. No passado, o trabalhador tinha todo o período de experiência no processo de curva de aprendizagem. Infelizmente, essa nova legislação facilita o capital maximizar seu lucro, ao invés de investir na formação do trabalhador com o devido conhecimento de seu posto de trabalho.

Os dirigentes sindicais acompanharam as diligências aos locais dos acidentes com auditor fiscal da Gerência Regional do Trabalho e Emprego. o SMetal tem cobrado todas as providências possíveis para amparar os familiares e evitar que o desempenho das empresas não interrompa vidas.

Apesar de ser incalculável a dor de se perder um familiar, que saiu da casa trabalhar, e/ou um colega de trabalho, é preciso reunir forças para se exigir maior fiscalização e segurança no trabalho. E que nenhuma norma de segurança e saúde seja desrespeitada.

Como salientou o secretário de administração e finanças do SMetal, Tiago Almeida do Nascimento, em artigo publicado dia 6, no portal do SMetal, “devemos lutar por uma CIPA atuante, que de fato esteja preocupada com a vida de cada trabalhador. Queremos técnicos de segurança comprometidos com a vida dos trabalhadores. Queremos empresas responsáveis por cada um que lá trabalhe, sem distinção de setores, cargos e salários e não somente se preocupe com as metas de produção”.

A organização do trabalho não pode e nem deve privilegiar a sua capacidade de competir no mercado sem cuidar e sem considerar as características do ser humano que trabalham frentes às máquinas e equipamentos.

Nesses dois casos de acidentes de trabalho, o SMetal está aguardando a conclusão dos laudos, tanto da polícia científica sobre a responsabilidade penal, quanto da Gerência do Trabalho para questões relacionadas ao acidente de trabalho.

Mas não aguardaremos que mais uma morte ocorra nas linhas de produção. Basta de acidentes! É o grito de todos os dirigentes e trabalhadores que merecem um trabalho digno, sem o enxugamento ao máximo do quadro de funcionários, sem a intensificação do ritmo de trabalho para bater metas inatingíveis.

Além do trabalho no dia a dia nas portas das fábricas, o Sindicato sempre manteve um canal de denúncia no portal www.smetal.org.br/denuncie. Irregularidades nas linhas de produção, em relação à jornada de trabalho, assédio moral, pressão, máquina sem manutenção, problemas com CIPA, ou qualquer outro, denuncie ao SMetal.

Nossa luta é por um trabalho que seja emancipador, não que oprima, escravize ou que acarrete perdas para os trabalhadores.

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