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89 anos do voto feminino, uma data de conquistas e desafios

Em 24 de fevereiro de 1932, depois de muita luta, o Código Eleitoral passou a incluir as eleitoras; medida só liberava voto de mulheres casadas com autorização do marido e viúvas com renda própria

Imprensa SMetal
Trabalhadora do SMetal lembram da importância do voto

Trabalhadora do SMetal lembram da importância do voto

Há 89 anos, as mulheres brasileiras conquistavam o direito ao voto no Brasil. Foi em 24 de fevereiro de 1932, depois de muita luta do movimento feminista e social, que o Código Eleitoral do Brasil passou incluir as eleitoras.

Mesmo assim, não foi na sua plenitude. Existiam algumas regras para que as mulheres pudessem exercer o direito ao voto. Elas tinham que estar casadas e ter autorização do marido ou serem viúvas com renda própria. Essa situação continuou até 1934, quando o direito de votar foi, de fato, conquistado por todas as mulheres brasileiras.

Quase 90 anos depois, elas são maioria do eleitorado brasileiro. É o que aponta uma pesquisa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde as mulheres somam 52,49% do total. São mais de 77 milhões de eleitoras Brasil afora. Em Sorocaba, percentual é fica um pouco acima da média – 53,02% – o que representa 257.642 mil mulheres com idade para votar.

Ainda assim, ocupar espaços políticos é um desafio para elas. Para se ter uma ideia do descompasso, em 2020, apenas 658 mulheres foram eleitas prefeitas em todo o país. O número representa apenas 11,8% dos cargos em disputa nos 5.570 municípios brasileiros.

O Mapa Mulheres na Política de 2019 aponta que de 513 deputados, apenas 77 são mulheres. No Senado, são 12 senadoras de um total de 81 cargos.

Arquivo/Pessoal
Marcia Viana, secretária da mulher trabalhadora da CUT-SP, comemora a data, mas lembra que ainda tem muita luta pela frente

Marcia Viana, secretária da mulher trabalhadora da CUT-SP, comemora a data, mas lembra que ainda tem muita luta pela frente

A secretária da mulher trabalhadora da CUT-SP, Márcia Viana, ressalta que os 89 anos do voto das mulheres é uma grande conquista do movimento feminista, mas ainda há muito por fazer. “O direito a participação das mulheres não foi resolvido com o voto. Uma infinidade de problemas ainda persiste e afeta a representação das mulheres na política”.

Márcia lembra que as mulheres ainda sofrem com situações como dependência econômica, desigualdade salarial e de oportunidade, dupla jornada. “Temos ainda uma grande luta para conquistar a igualdade na representação política, especialmente para as mulheres negras”

Lugar de mulher é no movimento sindical

A luta das mulheres no sindicalismo brasileiro vem de longa data e cresce a cada dia. De acordo com publicação da Seção Sindical dos Docentes da Universidade do Estado da Bahia (ADUNEB), em 1895, em Salvador, cinco fábricas do setor têxtil fizeram uma greve de três dias por melhores condições de pagamento. A manifestação foi marcada pela forte presença das mulheres.

A publicação da ADUNEB também revela que “a primeira Greve Geral brasileira, em junho de 1917, teve como origem a fábrica têxtil Cotonifício Crespi. Dos cerca de 400 trabalhadores/as a maioria era do sexo feminino. Entre as reivindicações estavam o aumento salarial, eliminação do trabalho noturno das mulheres e fim do assédio sexual sofrido pelas operárias”.

Divulgação
Paula Proença, presidenta do Sindicato do Vestuário, destaca que a representatividade da mulher no movimento sindical sempre foi merecedora de destaque

Paula Proença, presidenta do Sindicato do Vestuário, destaca que a representatividade da mulher no movimento sindical sempre foi merecedora de destaque

De lá para cá, a participação feminina no movimento sindical cresceu, mas ainda há muito por fazer. Para Paula Proença, presidenta do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário de Sorocaba e Região, representatividade da mulher no movimento sindical sempre foi merecedora de destaque. “Seja pela função de liderança exercida à frente do movimento, seja pela atuação como base de uma categoria formadora de opinião”, enfatiza ela.

Paula destaca, ainda, a necessidade das mulheres ocuparem cada vez mais espaços tanto na política quanto no movimento sindical. “As mulheres têm que se engajar mais, uma puxar a outra. A importância feminina nos sindicatos é para ela pautar assuntos que são essenciais para as mulheres. Muitas vezes, nas mesas de negociações, as pautas das mulheres ficam de lado e, por isso, nós fazemos a diferença nesse espaço”.

Ela completa que os espaços conquistados pelas mulheres trazem muitas mudanças. “Tem uma frase que eu acho muito forte que diz que ‘quando uma mulher entra na política, ela muda. Quando muitas entram, elas mudam a política’. E por isso precisamos de mais mulheres sindicalistas, prefeitas, vereadoras, deputadas”.

SMetal apoia a representação feminina

Hoje, o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) tem 19% de mulheres na categoria. E nesse sentido, a entidade busca defender a pauta das mulheres trabalhadoras e ampliar a participação feminina nos espaços de decisão.

Para o presidente do SMetal, Leandro Soares, só assim teremos igualdade. “Quando falamos da luta pelos direitos dos trabalhadores, temos que levar em consideração que as mulheres são as que mais sofrem, seja com menores salários, com o assédio dentro das fábricas ou com a dupla jornada. Por isso, para que tenhamos uma sociedade justa, temos que lutar diariamente ao lado das companheiras, mudando essa realidade. Esse é um compromisso e uma das principais bandeiras do nosso sindicato”.

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