A participação das mulheres nos processos da indústria metalúrgica cresceu nos últimos anos. Atualmente, o público feminino representa 19,29% dos trabalhadores da base do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal). Isso significa, em números, que em um universo de mais de 42 mil metalúrgicos, 8215 são mulheres.
Dentro das fábricas, elas podem tudo. Mas ainda não estão incluídas em alguns cargos e ocupações. O Ministério do Trabalho mapeia e registra dados como o perfil dos trabalhadores, idade, salário, entre outros. Dentro da plataforma de Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), existe uma lista chamada Classificação Brasileira de Ocupações ou CBO.
A partir desse levantamento, a subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) identificou 707 ocupações nas fábricas da base do SMetal. Em 356 profissões metalúrgicas, não há registros de funcionárias mulheres, ou seja, há espaços que elas ainda não acessam.
É possível se perguntar a natureza dessas operações, uma vez que – muito provavelmente – o primeiro questionamento que fica é: “mas será que não são profissões muito pesadas para o público feminino?”. Alguns exemplos, na metalurgia, em que não há registro de mulheres são: diretora financeira, diretora de planejamento estratégico, mecânico de manutenção de automóveis, motorista de carro de passeio e pintor de veículo e reparação.
Esses são alguns dos exemplos que colocam a premissa da natureza da função em dúvida. E mostram, principalmente, que seja em cargos de liderança ou no chão de fábrica, que ainda existem lugares em que as metalúrgicas não conseguem chegar. Ou seja, 50,98% das mulheres metalúrgicas trabalham predominantemente em cinco funções: alimentadoras de linha de produção (1306); operadoras de linha de montagem de aparelhos eletrônicos (948); assistentes administrativo (446); operadoras de máquinas operatrizes (424) e auxiliares de escritório (358).
O Dieese também identificou 101 tipos de produção dentro dos processos das empresas metalúrgicas e 35 deles possuem menos de 10 mulheres trabalhando. Que elas podem tudo é está provado, mas é preciso que as empresas construam ações afirmativas para que os espaços sejam igualmente ocupados.
“Uma mulher não poderia ser uma diretora financeira ou uma motorista? Sabemos que há companheiras qualificadas, inclusive, são as que mais se qualificam. Mas é necessário que elas sejam consideradas nos processos que envolvem sua contratação. Para além disso, é urgente que as empresas assumam políticas afirmativas de formação e contratação feminina”, comenta Priscila dos Passos, coordenadora do Coletivo de Mulheres do SMetal.
O Sindicato dos Metalúrgicos luta para que a paridade entre os gêneros seja um assunto cada vez mais abordado dentro das empresas metalúrgicas e, futuramente, espera que o tema da diversidade esteja ainda mais avançado, alcançando recortes de raça, orientação sexual e inclusão social.
“A luta das trabalhadoras é uma luta de todos nós. Precisamos entender e combater o machismo enraizado na nossa sociedade que faz com que as mulheres tenham menos oportunidade, não ocupem diversos cargos e ainda sofram com salários menores. Não podemos aceitar que essa situação continue existindo e é um compromisso do SMetal lutar para mudar esse cenário”, destaca o presidente do SMetal, Leandro Soares.