Solidariedade foi a marca registrada do 2º Congresso da IndustriALL Global Union, encerrado sexta-feira (7), no Rio de Janeiro. Ao longo de quatro dias, mais de 1.400 sindicalistas de 122 países de todos os continentes se uniram numa grande jornada em defesa dos trabalhadores na indústria e debateram ações unitárias para lutar contra a desigualdade de direitos nas plantas de multinacionais no mundo, para reafirmar a necessidade da atuação autônoma e livre das entidades sindicais e aprofundar a discussão sobre a política de gênero e da juventude, entre outros temas.
Criada em 2012 a partir da fusão de três federações internacionais – metalúrgicos, químicos/energia e têxteis -, a IndustriALL representa 50 milhões de trabalhadores ligados a 600 sindicatos em todo o mundo. Desse total, cerca de 6,5 milhões são brasileiros.
O plenário do Congresso foi palco da união de culturas distintas, visíveis nos trajes de delegações da África, da Ásia e de muçulmanos, por exemplo.
Nas resoluções aprovadas, o compromisso de combater a precarização e a degradação no trabalho na indústria – aliás, o 2º Congresso foi encerrado na data que marca o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Precário -, de fortalecer a organização sindical setorial, de abrir espaços para jovens e mulheres no meio sindical do ramo [ficou assegurado, inclusive, cota de 30% para mulheres na direção da federação, com a meta de no próximo Congresso, em 2020, debater a ampliação para 40%], e de ampliar o apoio à organização sindical em nações onde sindicalistas são perseguidos e ameaçados.
Enfim, a tarefa primordial da nova direção da IndustriALL – que tem o metalúrgico da CUT Valter Sanches à frente da Secretarial Geral (leia aqui) – é colocar a estrutura da entidade a serviço da solidariedade de classe.
Confira a seguir depoimentos de participantes de diferentes países sobre o 2º Congresso:
Marta |
Marta Novela – Moçambique
“Achei muito importante participar e perceber que aqui os jovens se mostraram muito dinâmicos. Vou levar isso para os trabalhadores do meu país e tentar contagiá-los. Sobre a questão das mulheres, nós, moçambicanas, muitas vezes sofremos injustiça por não termos atitude e coragem para reivindicar, mas por meio da formação e da troca de experiências com outras mulheres, estamos nos tornando mais fortes”.
Minoru |
Minoru Matsubara – Japão
“Podemos perceber aqui coisas que não são possíveis de imaginar no Japão, como salários baixos e condições precárias de trabalho. Pretendo chamar a atenção para que as empresas japonesas percebam como os seus trabalhadores são tratados em outros países. Temos que lutar por igualdade”.
Kaanane |
Kaanane Khalil – Marrocos
“Foi muito importante estar em contato com tantos trabalhadores de outros países, porque o Marrocos não temos essa liberdade de exigir direitos. Então, estar aqui já é uma grande oportunidade. Levarei para os companheiros todas as ideias discutidas neste Congresso, para que eles também conheçam essas outras realidades de trabalho”.
Natalia |
Natalia Beliaeva – Rússia
“Essa troca de experiência entre trabalhadores de diversos continentes é muito importante. Eu não sabia de muitas coisas que se passam em outros países em termos de condição de trabalho. Na Rússia nós temos problemas, mas eles não parecem tão grandes diante do que vi aqui. Mas quero contribuir para melhorar a situação, porque sempre há o que fazer”.
Stefano |
Stefano Maruca – Itália
“Aqui percebemos uma vontade comum de todos em defender os direitos dos trabalhadores. Eu pude fortalecer as relações com alguns sindicatos e também promover novas relações. Estou feliz com a nova direção da IndustriALL e percebo que já estão caminhando para mudanças conforme as transformações do mundo”.
Isidor |
Isidor Boix – Espanha
“Penso que conseguimos expressar nossa união e nosso entusiasmo para defender os interesses dos trabalhadores. Aqui não estamos resolvendo os problemas, mas sim os denunciando para o conhecimento de todos sobre a degradação das condições de trabalho em todo o mundo”.
Horacio |
Horacio Fuentes – Chile
“Sabemos que este é um momento difícil, especialmente para o Brasil e que precisamos defender o nosso companheiro Lula. Essa é uma batalha de todos nós. Em todos os lugares percebemos esse processo das forças conservadoras querendo tomar o poder. Temos uma luta árdua que precisamos vencer”.
Ludwing |
Ludwing Gómez – Colômbia
“É muito importante o esforço deste Congresso para fortalecer a unidade sindical, o que é tão necessário para a Colômbia, particularmente neste momento em que estamos batalhando por um projeto de paz. Também é muito justo e necessário fazer a discussão sobre a participação das mulheres e dos jovens”.
Herta |
Herta Everwien – Alemanha
“Foi muito importante estar com pessoas de todo o mundo. Apesar de a Alemanha ter condições melhores de trabalho, é importante estamos unidos aos trabalhadores de outros países para lutar por melhores condições para todos. Esse entusiasmo que vi aqui levarei para o meu país”.
Lana |
Lana Payne – Canadá
“Percebemos que há uma semelhança de luta no mundo inteiro. No Canadá, temos condições muito melhores, mas seguimos com problemas de trabalho precário, principalmente para jovens, mulheres e negros. A luta é necessária em toda a parte e aqui percebemos que há muita solidariedade e que devemos seguir juntos”.
Kutubuddin |
Kutubuddin Ahmed – Bangladesh
“Este Congresso e a InudtriALL como um todo são muito importantes para Bangladesh, especialmente porque fizeram muito por nós após o acidente de 2013 [desabamento de prédio no setor têxtil, que vitimou mais de mil trabalhadores. A federação internacional conseguiu firmar acordo com as principais multinacionais do ramo para assegurar condições seguras e respeito aos direitos dos trabalhadores]. Aqui podemos ter voz para juntos enfrentarmos os desafios globais”.
Manuel |
Manuel Rodriguez – Costa Rica
“Este Congresso cumpre as expectativas de focar na importância da união. É vital seguir essa linha para fomentar o fortalecimento na luta contra o controle do neoliberalismo e do capitalismo”.
Margareth |
Margareth Gonçalves – Brasil
“O Congresso deixou claro que não é só aqui que os trabalhadores têm dificuldades, mas em várias partes do mundo. E todos os participantes demonstraram solidariedade ao Brasil diante dos problemas que estamos vivendo. Para as mulheres, conquistar a cota de 30% na direção da IndustriALL foi um grande passo, além do compromisso de se chegar aos 40% em 2020. Acredito que com Valter Sanches na Secretaria Geral, haverá mais possibilidade de intensificar o intercâmbio com os outros países e colher mais frutos na luta por direitos iguais”.