A região de Sorocaba registrou 32 mortes no trabalho no primeiro semestre de 2024. As informações são do chefe regional de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ubiratan Vieira, em reportagem para a equipe de comunicação do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal).
Para ele, o aumento de mortes e acidentes no trabalho são resultado da reforma trabalhista, que flexibilizou formas de fiscalização. “A gente nota uma espiral crescente de acidentes. Do governo passado para cá, quando esse ministério foi transformado em secretaria, houve várias alterações nas Normas Regulamentadoras, que estão sendo todas refeitas agora”, afirma.
Ubiratan relata, também, que no primeiro semestre deste ano foram notificados pelo menos mil acidentes de trabalho. Além disso, os jovens são os mais afetados: cerca de 33% dos acidentes foram de pessoas que têm entre 19 e 29 anos.
“Falta de preparo quando eles ingressam na empresa. Antigamente, havia aquilo que se chamava de integração e com certeza a CIPAA iria explicar para o trabalhador que tem locais nessa empresa que são perigosos”, disse. CIPAA é a sigla da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e Assédio.
Em abril, o SMetal participou de uma reunião convocada pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP), em parceria com a Delegacia Regional do Trabalho (DRT). O encontro vai de encontro com o cenário e teve como objetivo principal discutir o crescente número de acidentes que trabalho que tem acometido Sorocaba e região.
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Construção civil
As últimas semanas foram marcadas por acidentes de trabalho na construção civil em Sorocaba. Em menos de 15 dias, foram registradas três mortes no setor.
Ubiratan conta que as mortes se deram devido à equipamentos inadequados. “Isso acontece porque o pessoal não está preparado para trabalhar. Nós conseguimos detectar até estagiários de servente de pedreiro. Não sei o que esse estágio iria acrescentar na vida escolar de um aluno do Ensino Médio”, ironiza.
O chefe regional de fiscalização também ressalta que, semanalmente, grupos inteiros de trabalhadores da construção civil procuram o MPT. “Eles chegam aqui para se queixar que não estão recebendo, que estão inclusive passando fome”, disse Ubiratan. Ele explica que, muitos desses trabalhadores vêm de outros estados e ficam vulneráveis e dependentes das condições que os empregadores oferecem, o que muitas vezes é insuficiente e em condições insalubres.
Na metalurgia
Sobre acidentes na metalurgia, Ubiratan relembra o caso da explosão de uma fábrica em Cabreúva, em que donos foram indiciados por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
Segundo as Comunicações de Acidentes de Trabalho (CATs) abertas pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), em 2023 as lesões mais comuns em acidentes de trabalho foram nos dedos, com cerca de 71 lesões (21,26%) e nos ombros, com 61 (18,26%) ocorrências.
Os dados são com base nos 334 CATs abertos pelo Sindicato em 2023. Desses, 161 (48,20%) dos casos foram acidentes típicos, 132 (39,52%) foram enquadrados como doença ocupacional e 41 (12,28%) foram acidentes ocorridos no trajeto.
Dia Nacional de Prevenção de Acidentes
Este sábado, 27, marca o Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho. A data é referente à aprovação das portarias que instituem o Plano Nacional de Valorização do Trabalhador e a obrigatoriedade dos serviços de medicina do trabalho e engenharia de segurança do trabalho (Sesmt), de 27 de julho de 1972