A Feira Literária “Mulheres em Prosa e Verso”, que ocorreu no último sábado, 22, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), teve como objetivo dar visibilidade para as mulheres na literatura.
Organizado pelo Comitê Popular de Luta “Mulheres pela Democracia”, o evento reuniu escritoras e artesãs inscritas previamente, que expuseram seus trabalhos ao longo do dia. Em paralelo, foram realizados debates e apresentações de artistas, além de discussões sobre os desafios na busca por visibilidade.
Para a curadora da feira, Ariani Teodoro, a elaboração e constituição de políticas públicas que fomentem o acesso aos livros são os principais empecilhos para dar visibilidade às autoras.
“Os livros no Brasil são caros. Então, o maior desafio é criar políticas públicas coerentes, para que todos tenham acesso aos livros, como bibliotecas comunitárias, espaços que as pessoas possam acessar”, ressalta.
Visibilidade e diálogo
Os trabalhos expostos refletem a vida das mulheres que os produziram. No caso da escritora Silvia de Oliveira, uma viagem de 25 dias com uma amiga para o Machu Picchu virou livro, o “Novamente nos Trilhos”. A publicação da obra coincidiu com um momento de redescobertas pessoais, após um divórcio.
“A gente precisa reforçar o que é bom. E a gente precisa ter esses espaços entre mulheres, porque quando uma ouve a história da outra percebemos que a história não é tão diferente, que somos muito parecidas. E só assim, se abrindo para o diálogo, é possível realmente mudar o mundo. E quando juntamos e afirmamos ‘nós podemos’, vem uma força desbravadora e nos resgatamos”, afirma a escritora sobre a Feira.
Já a artesã Marilda Correia, que vende roupas de estilo africano, ressalta a importância de espaços como este darem visibilidade às mulheres negras. “A gente sempre fala que a educação é a única coisa que liberta e a leitura é uma delas. Quantas mulheres estão aqui tentando mostrar o seu produto, a sua linha de pensamento? Eu tenho esse olhar, esse senso crítico, e nos livros é onde essa mulher consegue transmitir essa realidade”, aponta Marilda.
Foram cerca de 12 mulheres ou entidades expositoras, que recepcionaram o público com livros e artesanatos.
Mobilização
A Feira Literária acontece em um contexto de mobilização das mulheres. Em Sorocaba, na sexta-feira, 14, movimentos sociais e sindicais protestaram em frente à Delegacia de Defesa da Mulher por justiça no caso do provável feminicídio, que matou a psicóloga Aline Queiroga.
No Brasil, o movimento feminista tem ido às ruas contra o Projeto de Lei número 1904/2024, que equipara o aborto ao crime de homicídio, impedindo legalmente que se faca o procedimento após 22 semanas de gestação, mesmo em casos de estupro, direito já conquistado no Brasil.