Mesmo com pressão do movimento social e sindical pela queda da taxa de juros, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), reduziu pela quarta vez consecutiva a taxa Selic para o patamar de 11,75%. A decisão foi divulgada nesta quarta-feira, 13. Ainda assim, o Brasil se mantém entre os países com as maiores taxas do mundo, o que prejudica a economia e a vida dos brasileiros.
O Copom tem baixado a taxa em 0,5% a cada reunião, que acontece de dois em dois meses, após manter a taxa acima de 13% por mais de um ano.
Silvio Ferreira, secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), destaca que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação, está em baixa, alcançando 4,04% e as taxas de juros já poderiam ser menores, como o Governo Federal já havia sinalizado, o que poderia garantir mais investimentos no cenário produtivo do país e gerando uma estabilidade econômica para toda a sociedade.
“O próprio Copom já sinaliza que nas próximas reuniões deverão ocorrer novos cortes, na mesma proporção, e que para 2024 deve alcançar uma taxa abaixo dos dois dígitos. Com a inflação baixa, não faz sentido manter a taxa de juros neste patamar, porque prejudica o desenvolvimento econômico e reduz o crédito do trabalhador. Isso faz com que as pessoas parem de comprar, as fábricas diminuem a produção e cortam vagas de trabalho. Isso é ruim para o país e para os brasileiros”.
Taxa de juros impacta o endividamento
A Selic elevada é responsável pelo aumento dos gastos do governo Federal com os títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional, isso porque é o principal índice usado nessas negociações. Só nos últimos 12 meses, o governo federal gastou cerca de R$ 689 bilhões com os títulos, valor que poderia ser menor com uma taxa básica de juros reduzida, e que permitiria mais dinheiro do Estado disponível para outras áreas, como Saúde, Educação e infraestrutura.
Gustavo Cavarzan, economista da subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na Contraf-CUT, lembra ainda que a Selic é um dos fatores que podem contribuir para reduzir ou aumentar os juros bancários, porque é usada como referência pela maior parte das instituições financeiras. “Então, é preciso que a sociedade, as famílias e os trabalhadores no geral entendam que a taxa básica de juros no Brasil, praticada acima dos dois dígitos há tanto tempo, está diretamente relacionada ao nível de endividamento”, completa.
Impacto da redução do juros ainda não é perceptível
O economista destaca, no entanto, que ainda não é possível ver um reflexo significativo da redução das taxas de juros praticadas pelos bancos, mesmo após três cortes consecutivos (considerando as reuniões realizadas pelo Copom até novembro), porque “o Brasil tem um sistema bancário extremamente concentrado em apenas cinco bancos, que dá a estas instituições poder para manter elevadas as taxas de juros, já que funcionam numa espécie de oligopólio”.
“Uma alternativa seria uma ação mais firme dos bancos públicos reduzindo suas taxas e, com isso, forçando uma maior concorrência no setor. Para uma redução dos juros bancários, seria necessária uma continuação da redução da Selic, aliada a uma ação mais incisiva dos bancos públicos”, sugere.
*Com informações da CUT e Agência Brasil