Dados apurados pelo Dieese, a partir do Ministério do Trabalho e Emprego, mostram que 93,7% dos reajustes salariais conquistados pelos metalúrgicos cutistas, ou seja, representados por sindicatos filiados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), nas campanhas salariais com data-base até o final de maio tiveram aumento real acima da inflação do período.
Segundo o cientista social e pesquisador do Dieese, Luís Augusto Ribeiro da Costa, os dados são muito positivos e há muito tempo que não se observam resultados tão favoráveis aos trabalhadores. “Os fatores que explicam podem ser a queda consistente nos índices de inflação e uma possível retomada econômica em curso, expresso em alguns indicadores positivos, inclusive melhores do que o mercado esperava. Refiro-me especificamente ao crescimento do PIB no primeiro trimestre de 2023”, explica o pesquisador
Para a economista da subseção Dieese da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT), Renata Filgueiras, mantendo-se o cenário atual, a expectativa é de que os resultados nas campanhas salariais do segundo semestre sejam tão bons ou melhores que os apurados para os metalúrgicos cutistas no primeiro semestre. “Mas é importante destacar que é urgente que a taxa de juros caia no Brasil para que esse cenário positivo continue e melhore”, alerta a economista.
Negociações pelo país
Vários sindicatos metalúrgicos ligados à base da CNM/CUT pelo país terminaram ou estão próximos de terminar suas campanhas salariais por terem data-base válida até junho. Metalúrgicos cutistas de cidades em estados como Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, entre outras, já tiveram avanço na pauta.
Perspectivas para São Paulo
Em São Paulo, a data-base dos metalúrgicos é 1º de setembro. Com a presença dos sindicatos filiados, a Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM-CUT/SP) realizou a Plenária Estatutária que aprovou o slogan, os eixos e a pauta de reivindicações da Campanha Salarial 2023. A atividade sindical aconteceu na manhã do sábado, 17, em Cajamar. Os dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) estiveram na plenária.
Os metalúrgicos definiram como slogan para este ano “A Luta Continua Pela Reconstrução dos Direitos, dos Salários e da Democracia”. Já os eixos da Campanha serão: reposição da inflação, aumento real, valorização dos pisos salariais, valorização das convenções coletivas de trabalho, redução da jornada e redução dos juros.
Na concepção do presidente do SMetal, Leandro Soares, o cenário positivo do primeiro semestre deve ser visto com cautela. “Apesar dos dados econômicos serem favoráveis para os metalúrgicos, sabemos que os empresários sempre relutam quando o assunto é aumento real e valorização de salários. Tivemos inflações que foram baixas no passado e, mesmo assim, a luta precisou ser ferrenha”, comenta o líder metalúrgico.
Soares concorda com a fala da economista Renata Filgueiras no que diz respeito aos juros altos. Para ele, a reposição salarial é de suma importância, mas, com os juros altos, o trabalhador continua com o poder de compra limitado em cenários como: a compra de um imóvel, aquisição de automóvel, financiamentos e outros. “Com juros mais baixos, as pessoas e empresas tendem a consumir e investir mais e, com isso, movimentar a economia, gerando mais empregos e renda”, defende.
Movimentos sociais e centrais sindicais saíram em defesa da queda dos juros e, também, com pedido de impeachment do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, empossado durante o mandato do ex-presidente, Jair Bolsonaro. Nesta segunda-feira, 20, um grande ato na Avenida Paulista, em São Paulo, contou com a participação de lideranças.