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Análise

Sem impacto nos alimentos, deflação de julho é vista com cautela

Grupo de alimentos e bebidas subiu 1,30% no IPCA e 1,31% no INPC; motivo está principalmente no aumento do preço do leite longa vida, com alta de 25,46%, e seus derivados, que com acréscimo de 14,06%

Do Portal Porque
Foguinho/Imprensa SMetal
Alta nos alimentos continua impactando no bolso dos trabalhadores

Alta nos alimentos continua impactando no bolso dos trabalhadores

Os dados de julho dos dois principais índices que medem a inflação (IPCA e INPC), com queda puxada principalmente por medidas que impactaram nos preços dos combustíveis — sem impacto nos preços dos alimentos que continuam pesando no bolso do brasileiro –, devem ser vistos com cautela, conforme avaliação do economista da subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), Fernando Lima.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou queda de -0,68% em julho, especialmente pela redução dos preços da gasolina e do etanol. Ainda assim, o IPCA continua em alta, com acréscimo de 4,77% apenas em 2022 e 10,07% nos últimos 12 meses.

Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) caiu -0,60% no mês passado, embora apresente alta de 4,98% no ano e, nos últimos 12 meses, crescimento de 10,12%. O resultado de julho dos dois índices são os menores da série histórica, iniciadas em 1979 (INPC) e 1980 (IPCA).

“É inegável que, depois de meses com índices elevados de inflação, a queda no índice geral pode ser vista como algo positivo. Porém, quando analisamos o conjunto de preços percebemos que, aqueles que afetam os trabalhadores continuam elevados e registraram alta no mês de julho”, analisa o economista.

Lima se refere ao grupo de alimentos e bebidas que, no mês passado, subiu 1,30% no IPCA e 1,31% no INPC. O motivo está particularmente no aumento do preço do leite longa vida, que teve alta de 25,46%, e nos leites e seus derivados, que cresceu 14,06%.

Em Sorocaba, a cesta básica subiu 2,59% em julho, de acordo com dados da Universidade de Sorocaba (Uniso) e agora custa R$ 1.115, ou seja, 92% do salário mínimo. O levantamento considera 34 itens básicos de alimentação, higiene e limpeza. O principal motivo do aumento está justamente no leite longa vida que, em apenas sete meses, ficou 73% mais caro.

Segundo Lima, esse aumento é o que mais pesa no orçamento das famílias. “Uma família sem transporte próprio movimento a gasolina ou etanol, provavelmente ao invés de sentir o impacto da deflação, sentiu sim o impacto da inflação, pois, conforme o próprio IBGE, sem a queda no preço dos combustíveis, o indicador não teria sido de deflação e sim uma inflação de 0,70%.”

Redução dos combustíveis não é estável

Outro ponto importante enfatizado pelo economista é que a queda nos preços dos combustíveis não é estável. Isso porque a Petrobras continua praticando o Preço de Paridade de Importação (PPI).

“A queda no preço dos combustíveis tem relação com o estabelecimento de um teto do valor do ICMS cobrado pelos Estados e também pelas recentes baixas do valor estabelecido pela Petrobras”, explica Lima. “Se os preços voltarem a subir no mercado internacional, voltarão a subir no Brasil, impactando assim nos índices de preços.”

O que é IPCA e INPC

O IPCA é calculado mensalmente e mede a variação de preços de um conjunto de produtos e serviços. Para essa conta, o IBGE leva em consideração famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos, das seguintes regiões metropolitanas: de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.

Já o INPC faz a mesma conta, nas mesmas regiões metropolitanas. A diferença é que aqui são consideradas famílias com rendimento de 1 a 5 salários mínimos. O INCP é o principal índice utilizado nas negociações de reajuste salarial da classe trabalhadora.

Com informações da Agência IBGE Notícias

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Alimentos inflação inpc IPCA leite longa vida Metalúrgicos Sorocaba Uniso
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