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São Bernardo do Campo

Toyota anuncia fechamento de fábrica no ABC; Sindicatos criticam decisão

Decisão de encerrar as atividades da empresa em São Bernardo do Campo foi anunciada nesta terça-feira, 5; dirigentes dos Sindicatos de Sorocaba e do ABC enfatizam que a medida vai gerar desemprego

Com informações do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
Divulgação
Planta da montadora no ABC foi inaugurada há 60 anos

Planta da montadora no ABC foi inaugurada há 60 anos

Os sindicatos de Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) e do ABC criticaram a decisão da montadora Toyota de fechar a planta de São Bernardo do Campo, anunciada nesta terça-feira, dia 5. Para os dirigentes das entidades, a medida vai gerar desemprego e escancara a falta de política industrial no país.

De acordo com o comunicado da empresa, a unidade começa a ser desativada em dezembro de 2022, processo que tem previsão para terminar em novembro de 2023. A produção do local será transferida para as plantas localizadas em Sorocaba, Indaiatuba e Porto Feliz.

A justificativa da montadora é garantir a sustentabilidade dos negócios no país e dar mais competitividade para a empresa frente aos desafios do mercado brasileiro. Segundo a Toyota, não há plano de demissão dos cerca de 550 trabalhadores da empresa, que poderão ser alocados nas unidades do interior de São Paulo.

A planta de São Bernardo do Campo produz componentes para a fábrica de motores em Porto Feliz, utilizados nos modelos Etios, Yaris e Corolla, além de exportar peças utilizadas na montagem do motor do sedã Camry, nos Estados Unidos. A fábrica da montadora no ABC é a primeira fora do Japão e foi inaugurada há 60 anos, em 1960.

Sindicato do ABC aponta irresponsabilidade

Adonis Guerra / Metalúrgicos do ABC
Vamos iniciar um processo de luta e resistência”, afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges

Vamos iniciar um processo de luta e resistência”, afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges

A direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC expressou surpresa com a decisão da Toyota e enfatizou que o anúncio se trata de uma irresponsabilidade com potencial de gerar desemprego. “O fechamento não prejudica só os trabalhadores na empresa, mas toda uma rede de fornecedores, milhares de empregos podem ser perdidos. Vivemos em uma conjuntura onde a política industrial é desprezada, tanto pelo governo do estado como pelo governo federal. Vamos iniciar um processo de luta e resistência”, afirmou o presidente da entidade, Moisés Selerges, em publicação da Tribuna Metalúrgica.

Wellington Messias Damasceno, diretor administrativo do Sindicato do ABC, explica que a montadora negou que encerraria as atividades no local e que a fábrica era considerada produtiva, competitiva e lucrativa.

“E o Sindicato, a todo momento, discutindo e pautando a questão do investimento. Agora a fábrica toma essa decisão de maneira irresponsável, ela não tem motivo para fazer isso, podia reorganizar a produção, trazer algum produto para cá, tinha outras alternativas que não fechar. Qualquer justificativa não é aceitável”, critica.

Adonis Guerra / Metalúrgicos do ABC
“Tentamos o tempo todo emplacar discussões com o governo do estado, quando falamos da Toyota, eles menosprezaram a importância dos cinco mil empregos

“Tentamos o tempo todo emplacar discussões com o governo do estado, quando falamos da Toyota, eles menosprezaram a importância dos cinco mil empregos

Para Wellington, os governos federal e estadual têm responsabilidade nessa história. “Tentamos o tempo todo emplacar discussões com o governo do estado, quando falamos da Toyota, eles menosprezaram a importância dos cinco mil empregos. Já o governo federal, promove inclusive disputa desleal entre outros estados e não tem política de indução, de crescimento da indústria”.

SMetal critica falta de política industrial

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), Leandro Soares, também criticou o anúncio da Toyota. “Somos solidários aos companheiros e aos trabalhadores do ABC, que enfrentam o risco de ver milhares de empregos perdidos. Uma decisão como essa impacta na vida de muita gente e não pode ser tomada sem discussão e sem a busca de alternativas”.

Câmara Municipal

Para Leandro, o fechamento da fábrica é reflexo do atual cenário político brasileiro. “Não existe uma política para o desenvolvimento e o fortalecimento da indústria, tanto por parte do governo federal, quanto do estadual. Bolsonaro e Dória se preocupam apenas com o setor financeiro, com os empresários, transformando o Brasil em mero exportador e barateando a mão de obra interna”.

Ele destaca que a política atual é de retrocessos em todos os sentidos. “O que assistimos nos últimos seis anos é o desmonte do estado brasileiro, com a retirada de direitos trabalhistas e regalias sendo oferecidas para os empresários. Tudo isso só trouxe desemprego e a precarização, além de enfraquecer a renda dos trabalhadores”.

Leandro enfatiza que o Brasil tem potencial para ser um grande polo industrial. “Já fomos uma das maiores potências do mundo e isso se deu por uma política forte, que valorizou a indústria nacional, priorizando e atraindo investimentos. Isso gerou empregos, aumentou os salários e fortaleceu a classe trabalhadora. É esse comprometimento que esperamos dos nossos governantes”, finaliza.

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