No último domingo, 9, os dois maiores jornais do estado: Estadão e Folha de S. Paulo, saíram em defesa da reforma trabalhista implementada em 2017 pelo governo de Michel Temer, que enfraqueceu os direitos trabalhistas , precarizou as relações de trabalho e não cumpriu nada do que prometeu. De acordo com os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país tem 13,5 milhões de desempregados.
As manifestações absurdas surgiram depois que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou a revogação de medidas da reforma trabalhista da Espanha, de 2012. Lula fez um post no Twitter: “É importante que os brasileiros acompanhem de perto o que está acontecendo na reforma trabalhista da Espanha, onde o presidente Pedro Sánchez está trabalhando para recuperar direitos dos trabalhadores”.
Pedro Sánchez, presidente da Espanha, respondeu ao ex-presidente na mesma rede e afirmou que as novas mudanças espanholas são “um exemplo de que, com diálogo e acordos, podemos construir um país mais justo e solidário”.
O ataque da mídia tradicional e de políticos contrários às medidas favoráveis ao povo brasileiro são uma reação contra a possível reversão das medidas que alteraram a legislação brasileira. A primeira manifestação foi do Estado de S. Paulo, que ataca Lula e o Partido dos Trabalhadores dizendo que a “a reforma trabalhista do governo Michel Temer é um marco jurídico sofisticado, de raro equilíbrio social e econômico”.
A Folha de S. Paulo deu espaço para um artigo de Temer, que defendeu sua própria reforma. Para ele, sua principal medida é “injustamente atacada” e “nenhum direito foi atingido”. O texto ainda ressalta que “o combate ao desemprego depende de emprego, e este só se verifica se houver empregador. Não podemos alimentar a disputa permanente entre esses setores fundamentais par aa economia nacional”, afirma o ex-presidente.
Impactos negativos da reforma trabalhista
A Rede Brasil Atual destacou em artigo que números oficiais mostram a ineficácia da reforma. Em agosto de 2021, foram lançados dois volumes da obra “O trabalho pós reforma trabalhista (2017)”, resultado de uma parceria do centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Rede de Estudos e Monitoramento Interdisciplinar da Reforma Trabalhista (Remir).
José Dari Krein, do Instituto de Economia da Unicamp informou, na ocasião, que a reforma “afetou negativamente a renda do trabalho, o sistema de crédito. O que cresceu foram as ocupações informais e por conta própria. A desigualdade se acentuou. Também piorou o índice de Gini, ou seja, uma distribuição mais desigual do resultado do trabalho”.
Krein ressaltou ainda o histórico de desconstrução dos direitos trabalhistas no Brasil iniciado no anos 1990, prosseguindo com mais intensidade na reforma de Temer, que mudou formas de contratação e remuneração. As medidas ajudariam, segundo seus defensores, a formalizar contratos, dinamizar a economia, criar empregos e aumentar a produtividade. “Todas essas promessas não foram efetuadas”, lembrou.