Depois de colocar fim ao Bolsa Família, programa social que existe desde 2003, Jair Bolsonaro (sem partido) publicou na noite desta segunda-feira, 8, o decreto que regulamenta alguns pontos do Auxílio Brasil, que nasce com prazo de validade, até dezembro de 2022. Entre as informações divulgadas até o momento está quem tem direito a receber o benefício, qual o valor do auxílio, entre outras regras.
O pagamento começa a valer a partir de 19 de novembro e, inicialmente, o Auxílio Brasil vai atender o mesmo público do Bolsa Família: famílias em situação de extrema pobreza e pobreza. Os valores terão um reajuste e a média a ser paga com os benefícios passa a ser de R$ 217,18.
Porém, para chegar aos R$ 400 anunciados por Bolsonaro, é necessário que seja aprovada a PEC dos Precatórios – também conhecida como PEC do Calote – que autoriza furar o teto dos gastos para financiar o programa, que é temporário.
“Aí está a pegadinha”, explica o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), Leandro Soares. “O Auxílio Brasil nada mais é do que um programa feito sob medida para Bolsonaro melhorar a sua popularidade em pleno ano eleitoral. E, para isso, ele acaba com o Bolsa Família, o maior programa de transferência de renda da história do Brasil, e coloca em seu lugar um auxílio com prazo de validade – dezembro de 2022 – logo depois das eleições”.
Para Leandro, se o atual governo estivesse mesmo preocupado com a população que vive em situação de pobreza, deveria ter acabado com o teto dos gastos assim que a pandemia da Covid-19 teve início, para ampliar acesso e valores oferecidos pelo Bolsa Família.
“Infelizmente, Bolsonaro e seus seguidores são contrários a políticas públicas de proteção social, que dão autonomia à população mais pobre. Eles querem que essas pessoas sempre sejam reféns dos seus governos e de auxílios pontuais, como cestas básicas e valores irrisórios, que mal colocam comida na mesa dessas famílias”, critica.
Enquanto isso, no Congresso…
Apesar do pagamento começar a valer a partir de 19 de novembro, para o Programa se tornar definitivo, a Medida Provisória nº 1061, de 2021, precisa ser aprovada pelo Congresso em 120 dias. Além disso, parte dos valores previstos no Programa estão condicionados à PEC dos Precatórios – conhecida também como PEC do Calote – que ainda está em tramitação.
A PEC foi aprovada em 1ª votação na semana passada, no dia 3 de novembro, após manobra do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e mediante a liberação de emendas – estimadas em R$ 16 bilhões – para deputados votarem a favor da proposta.
O Supremo Tribunal Federal (STF), por sua vez, pediu explicações ao parlamentar e está decidindo se suspende ou não o pagamento das emendas. Na última sexta-feira, 5, a ministra Rosa Weber determinou que nenhum recurso indicado por parlamentares por essas emendas seja liberado até decisão do STF. Com isso, a votação em segundo turno, prevista para esta terça-feira, 9, pode ser adiada.