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Data-base: Inflação acumulada nos últimos 12 meses chega a 10,42%

Índice é o maior desde 2003 e pesa no bolso do trabalhador; SMetal enfatiza a importância de intensificar a mobilização para garantir reajuste que reponha a inflação e por aumento real do salário

Imprensa SMetal

A inflação acumulada nos últimos 12 meses chegou a 10,42%, o maior desde 2003. O período – de setembro de 2020 a agosto de 2021 – é o da Campanha Salarial dos Metalúrgicos da FEM/CUT-SP.

O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) de agosto, que é usado para calcular as perdas salariais dos metalúrgicos, registrou alta de 0,88%. A partir do cálculo, a Federação Estadual dos Metalúrgicos (CUT) chega ao valor para negociar o reajuste dos trabalhadores e trabalhadoras.

O economista Fernando Lima, da subseção do Dieese, explica quais fatores influenciaram no índice acumulado. “A demora de iniciativas do Governo Federal e do Banco Central para conter a elevação dos preços, como por exemplo o preço dos combustíveis repercutiu em cascata e aumentou consideravelmente o custo de vida da população brasileira”.

O secretário de finanças da FEM/CUT e dirigente do SMetal, Adilson Faustino (Carpinha), enfatiza a necessidade de recuperar o poder de compra da categoria. “São perdas consideráveis para o período, se levarmos em consideração a data-base do ano passado, que foi de 2,94%. É o trabalhador pagando a conta de uma crise política e econômica agravada pela pandemia da Covid-19. Por isso, devolver dinheiro para o bolso do trabalhador é nossa luta nesse momento”.

Daniela Gaspari/Imprensa SMetal
“Mais do que nunca precisamos dizer aos patrões que não aceitamos receber menos do que merecemos

“Mais do que nunca precisamos dizer aos patrões que não aceitamos receber menos do que merecemos

Para Leandro Soares, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), é importante intensificar a mobilização nesse momento. “Mais do que nunca precisamos dizer aos patrões que não aceitamos receber menos do que merecemos. É nossa mão de obra que garante a produção das fábricas e temos o direito a um reajuste que permita viver com dignidade. Somos uma classe de trabalhadores, temos que ser respeitado como tal”.

Muito além dos 10,42%

Leandro completa o custo no bolso do trabalhador vai muito além do índice acumulado. “O desgoverno Bolsonaro e a pandemia da Covid-19 agravaram uma crise que já vinha acontecendo e os preços subiram absurdamente, especialmente dos alimentos básicos, que faz o pai e mãe de família sofrerem para colocar um prato de comida na mesa. Isso sem contar outros custos, como a gasolina, que passa dos R$ 6 e da energia, que ficou mais cara em setembro”.

Dados compilados pela subseção do Dieese do SMetal mostram que o trabalhador metalúrgico chega a comprometer mais de 70% do salário com alimentação básica, gás de cozinha e com combustível.

O presidente do SMetal ressalta que o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, nada fazem para controlar a situação. “Bolsonaro, que nunca governou de verdade, agora vive um delírio golpista e nada faz para mudar essa situação. Na mão de Guedes, os mais pobres pagam a conta, especialmente na alimentação e na gasolina”.

Por outro lado, os números da indústria só crescem e os empresários estão bastante confiantes. Os índices apontam para um crescimento de 5,6% no PIB, superior aos observados antes da crise causada pela pandemia da Covid-19, em 2020, e diversos setores em Sorocaba tiveram uma elevação considerável.

Outro levantamento do Dieese mostra que o setor metalúrgico de Sorocaba registrou, de janeiro a agosto de 2021, o melhor faturamento dos últimos 10 anos em vendas de itens para o exterior. A soma chega a R$ 4,49 bilhões e representa 93,5% da exportação do município.

Negociações difíceis

Apesar disso, as bancadas patronais reclamam do cenário econômico e sinalizam que sequer pretendem negociar a reposição do poder de compra dos salários pelo índice da inflação acumulada até o momento, além propor dividir em duas vezes.

Leandro enfatiza que a categoria não aceita. “Nenhum valor que não seja a reposição integral da inflação e aumento está fora de cogitação. E muito menos a divisão desse reajuste em duas vezes. Esse caminho é uma afronta aos trabalhadores e trabalhadoras e vamos mostrar nossa capacidade de indignação e luta contra esse cenário”.

Para Carpinha, o patrão não deve duvidar da capacidade de luta dos metalúrgicos. “Somos muitos e somos fortes, temos capacidade de mobilização e vamos para cima em busca dos nossos direitos”.

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