Três semanas após o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) protocolar uma carta assinada pela entidade e mais 30 empresas metalúrgicas da cidade, na qual cobra o cumprimento do Plano Nacional de Imunização, que coloca os trabalhadores das indústrias no grupo prioritário para vacinação contra Covid-19, a Prefeitura de Sorocaba ainda não se manifestou.
E a vacinação na cidade segue a passos lentos. Levantamento realizado pela página Pão com Mortadela aponta que Sorocaba é uma das piores cidades no ranking de vacinação contra a Covid-19 do Estado de São Paulo. De acordo com o Vacinômetro estadual, o município ocupa a posição de 624, entre as 645 cidades paulistas.
Sorocaba vacinou, até o momento, 32,65% da população com a primeira dose da vacina. Número bem abaixo de cidades do mesmo porte, como São Bernardo do Campo, que tem 844.483 habitantes e já atinge 45,26% de vacinação. Ou São José dos Campos, que conta com uma população de 729.737 e vacinou 45,14%.
No ranking de vacinação em relação às doses recebidas a situação é ainda pior: dos 644 municípios listados, Sorocaba aparece na posição 640. Segundo o Governo do Estado, Sorocaba recebeu 387.095 doses de vacina e aplicou 302.496 (78,15%), o que aponta para mais de 84 mil vacinas paradas.
Na lanterna da Região Metropolitana e números maquiados
Se levarmos em consideração apenas a Região Metropolitana, que tem 27 cidades, Sorocaba aparece em 25º, atrás apenas de Araçariguama (30,70%) e Iperó (29,12%).
Para tentar amenizar o fracasso na vacinação contra Covid, a prefeitura soltou uma nota no site oficial na qual aponta que 59,63% da população com mais de 20 anos já recebeu a primeira dose da vacina. A conta, no entanto, desconsidera que Sorocaba tem uma população de 161.659 pessoas com menos de 20 anos, o que representa 24,36% dos habitantes sorocabanos.
Descaso
O presidente do SMetal, Leandro Soares, questiona a discrepância entre as doses recebidas e as aplicadas na cidade. “Se os dados oficias mostram mais de 84 mil doses não aplicadas, queremos saber do prefeito Manga os motivos pelos quais ele não atendeu à solicitação do Sindicato. Aliás, solicitação esta que pede apenas que ele cumpra o que está no Plano Nacional de Imunização, dando segurança para milhares de trabalhadores da indústria nesse momento tão difícil”.
Silvio Ferreira, secretário geral do Sindicato, enfatiza que a prefeitura precisa esclarecer o que será feito com essas doses. “Qual intuito essas doses não foram utilizadas? É para fazer marketing, fazer cena nas redes sociais? Se os dados oficiais mostram que há vacinas disponíveis na cidade, elas precisam ser utilizadas. Afinal, não faltam braços para receberem essas vacinas. Temos que cobrar pode prefeito e também dos vereadores, que foram eleitos para fiscalizar o executivo e defender os direitos da população sorocabana”.
Leandro também lembra que Manga não levou em consideração a vida dos trabalhadores da indústria quando antecipou os feriados na cidade. “Em abril, quando a cidade estava com hospitais lotados e as pessoas morrendo na fila de espera por uma vaga, ele achou que era correto deixar 50 mil trabalhadores industriais de fora das medidas para conter o avanço da Covid. Foi uma situação lamentável e de puro descaso, que o Sindicato ainda está lutando na justiça para reverter”.
Além disso, Silvio enfatiza que Manga sempre negou a gravidade da pandemia. “Desde o início, antes de ser o chefe do executivo, Manga se mostrou um negacionista, inclusive fazendo terrorismo em frente a hospital público. Agora, coloca a cidade nessa condição, de ser uma das piores na vacinação que é tão importante para salvar vidas e retomarmos a normalidade”.
Ele também pontua que, desde que Manga assumiu a prefeitura de Sorocaba, o número de mortes aumentou consideravelmente. “Chegamos ao ponto de ser 1º lugar no ranking de morto para cidades paulistas com mais de 300 mil habitantes em abril. Desde janeiro, quando Manga se tornou prefeito, o crescimento de óbitos foi de 142,29%. Isso mostra o despreparo e a falta de compromisso do prefeito com a vida de milhares de sorocabanos”.