Antônio Welber Filho, o Bizu, está prestes a completar 30 anos de carreira como metalúrgico. Operador de produção da Clarios, Bizu assistiu nas últimas décadas a uma grande transformação na categoria, que valorizou e muito a profissão. “Hoje, os salários dos metalúrgicos são maiores, as condições de trabalho são melhores e temos muito mais direitos do que na época em que eu comecei na profissão”, lembra.
Todas essas conquistas, segundo o dirigente, têm o DNA do Sindicato. E Bizú não só faz parte desta história de lutas e conquistas, como é um dos protagonistas. No seu quinto mandato consecutivo na direção do SMetal, o dirigente destaca que, apesar de muito jovem, os membros da Diretoria Executiva da entidade têm competência, ousadia e experiência de sobra para comandar a entidade em plena crise sanitária e econômica causada pela pandemia do novo coronavírus. “Os trabalhadores metalúrgicos podem esperar muito empenho da nova direção, que assume em maio”, garante Bizú.
Aos 48 anos de idade, Bizú é casado e pai de uma menina de 5 anos. Na fábrica, foi cipeiro por três gestões e integra a Comissão de PPR há mais de 12 anos. Confira abaixo a entrevista que Bizú deu para o site do SMetal.
Imprensa SMetal: Você é metalúrgico há mais de 30 anos e está no seu quinto mandato na direção do Sindicato. O que melhorou na vida dos metalúrgicos nessas últimas três décadas?
Bizu: A vida dos metalúrgicos melhorou em muitos aspectos, mas eu destaco, sobretudo, os avanços nas condições de trabalho. Quando eu comecei na profissão, em 1991, a mão de obra dos metalúrgicos era praticamente artesanal. Os avanços tecnológicos, que ocorreram nas últimas décadas, indiscutivelmente melhoraram as condições de trabalho. Hoje, a mão de obra metalúrgica é muito qualificada. Não só por conta das transformações tecnológicas, mas também por causa das negociações que o Sindicato fez com as empresas, com nossa pauta diária, que garantiram mais condições de trabalho. Conseguimos melhorar a ergonomia nas fábricas, os salários foram valorizados, hoje temos mais direitos… As mudanças na nossa profissão foram muito nítidas e, com certeza, a situação dos metalúrgicos hoje é bem melhor que na época em que comecei na profissão.
Imprensa SMetal: Nos materiais da Chapa 1, havia uma entrevista sua falando que a relação do Sindicato com as fábricas melhorou muito nos últimos anos. O que mudou nesta relação e como isso se reflete na mesa de negociações?
Bizu: A relação das fábricas com o Sindicato melhorou muito e hoje temos um respeito enorme por parte dos RHs (Recursos Humanos) das empresas. Os responsáveis pelos RHs estudam muito a questão da relação sindical e sempre procuram para trocar ideias com o Sindicato. E essa boa relação se reflete nas mesas de negociações. Conseguimos conquistar muitos avanços para a categoria, através do diálogo com as fábricas. É claro que o SMetal nunca se furta de lutar e organizar os metalúrgicos para o enfrentamento, quando necessário. Mas priorizamos o diálogo. Hoje, as fábricas de Sorocaba e região entenderam que as pautas do SMetal e dos metalúrgicos também favorecem as empresas. A partir do momento em que fábrica valoriza seus funcionários e oferece boas condições de trabalho, ela terá um metalúrgico muito mais satisfeito, empenhado e produtivo. Isso se reflete diretamente no lucro das empresas. Mas vale destacar que ainda existem RHs com postura retrógrada, que não priorizam o diálogo com o Sindicato. Mas, com bastante trabalho, vamos quebrar a intransigência desses RHs que ainda não se modernizaram nas relações sindicais.
Imprensa SMetal: Quais são suas lembranças mais marcantes nestes quatro mandatos que você já cumpriu no Sindicato?
Bizu: É muita história, difícil destacar um ou outro momento especial. Mas para não fugir da resposta, vou citar dois momentos em que eu considero que vivemos crises enormes, sem precedentes para a nossa geração. O primeiro foi na crise econômica mundial, de 2008, que jogou o planeta na maior recessão desde a Grande Depressão, de 1929. O segundo momento é o atual, com a pandemia do novo coronavírus, que nos colocou numa crise sanitária e econômica muito grande. Tanto na crise de 2008 como na de agora, o SMetal atuou firme para defender os salários, o emprego e os direitos dos metalúrgicos. Ao contrário da maioria dos trabalhadores, nossa categoria em Sorocaba e região não teve, como regra, salários e jornada cortados. Considero a atuação do SMetal nessas duas crises como um marco importante na trajetória do movimento sindical brasileiro e na minha própria trajetória como sindicalista.
Imprensa SMetal: Você é sindicalizado desde 1991, muito antes de ingressar na direção do SMetal. Por que é importante para o trabalhador se associar ao Sindicato?
Bizu: Se associar ao Sindicato é de extrema importância. Sem dúvida alguma, um bom sindicato faz a diferença na vida do trabalhador. Uma entidade forte e representativa pode ser a diferença entre ter direitos e ter um trabalho precário. Nas empresas em que temos muitos associados, encontramos mais facilidade nas negociações, somos mais respeitados pelas fábricas. A quantidade de associados nos dá força para pressionar as empresas e credibilidade diante dos patrões. Só um sindicato forte tem condições de lutar pela sua categoria. E aqui, no SMetal, gozamos de uma grande confiança por parte dos metalúrgicos. Estamos entre os sindicatos com maior número percentual de sindicalizados do Brasil. Isso é fundamental para que a gente tenha força para negociar acordos e políticas que garantam mais benefícios para os metalúrgicos.
Imprensa SMetal: O que os metalúrgicos e metalúrgicas de Sorocaba e região podem esperar da nova diretoria do Sindicato? E quais são os principais desafios para a próxima gestão?
Bizu: Os trabalhadores metalúrgicos podem esperar muito emprenho. Vale destacar que ainda estamos vivendo o auge da pandemia do novo coronavírus, o que nos traz desafios enormes para proteger o emprego, a renda e os direitos dos metalúrgicos e metalúrgicas. Faz um ano que estamos enfrentando esta pandemia e o histórico de ações de Sindicato mostra que estamos fazendo um bom trabalho. Protegemos o emprego e os direitos da nossa categoria, sem abrir mão de manter a renda do trabalhador. Para o próximo mandato, mesmo com toda essa conjuntura adversa, tenho certeza de que a nossa direção vai se aprimorar ainda mais para lutar por mais emprego, por uma renda justa e pela inclusão de mais conquistas na nossa Convenção Coletiva, que nos garante mais direitos que a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). A Direção Executiva do SMetal, apesar de muito jovem, tem experiência, ousadia e qualidade para administrar o Sindicato. Nossa entidade serve de modelo para os demais sindicatos do país, seja pelos acordos negociados ou pelas lutas que encampamos. Quando os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro decidiram atacar os sindicatos, retirando o imposto sindical e parte da nossa estrutura, o SMetal se reinventou e recolocou suas finanças nos trilhos. Não só nos mantivemos vivos, ao contrário de muitos sindicatos, como saímos fortalecidos após os ataques do governo federal. E é assim, com ousadia, criatividade e muita disposição para o trabalho, que iniciaremos a próxima gestão, em maio.