O crescimento da economia nacional elevou o poder de compra dos brasileiros e incentivou a troca de veículos. Só nos últimos quatro anos, o setor cresceu 28,8% e o mercado interno saltou do 6º para o 4º lugar entre os maiores do mundo.
Segundo a Anfavea, a associação das montadoras, de 2008 a 2011, as vendas de carros cresceram 812 mil unidades e a frota nacional passou de 2,8 milhões, há quatro anos, para 3,6 milhões no ano passado.
No entanto, a maior parte desse aumento foi engolida por importações, que ficaram com 60% do crescimento, com 486 mil unidades comercializadas entre 2008 e 2011.
Com isso, a participação dos veículos vindos do exterior no total do mercado brasileiro passou de 13%, em 2008, para 23% no ano passado.
“A estratégia das novas montadoras nunca foi abastecer o mercado só com produção nacional”, afirma Fausto Augusto Junior, coordenador da Subseção Dieese do Sindicato.
“Uma parte delas trabalhava com a idéia de mix entre produção nacional e importada, outras com CKD e importados do país sede e outras, ainda, só com importados”, explicou.
O Sindicato foi um dos primeiros a perceber o risco desta política e ao mesmo tempo em que ocupou a Anchieta para chamar a atenção para o problema, começou a debater com o governo federal e as montadoras a melhor forma de defender a produção nacional e o novo regime automotivo. Afinal, quanto maiores as importações, menores são os empregos criados no País.
Aumento do IPI muda o jogo
Foi nesse clima que o governo federal tomou providências como aumentar o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre os importados, fazendo com que as fábricas revissem seus planos para o Brasil.
“Depois de o governo alterar o imposto, as montadoras que queriam apenas importar ou montar CKD começaram a pensar em trazer toda a produção para cá”, completou Fausto.
Assim, várias montadoras, como JAC Motors, Hyundai, Mitsubishi, Chery, BMW e Land Rover, aguardam o novo Regime Automotivo, que o governo deve divulgar até o mês que vem, estabelecendo regras que exigem conteúdo nacional mínimo de 65% na produção, para montarem plantas no Brasil.
“Não queremos entregar nosso mercado de bandeja para os outros países. Queremos defender nossos empregos e fortalecer a produção nacional”, afirmou Sérgio Nobre, presidente do Sindicato.