Nesta quarta-feira, 14, a Prefeitura de Sorocaba divulgou em suas redes sociais resultados de um “estudo” a respeito da eficácia do tratamento precoce para a Covid-19, que utiliza em suas bases os medicamentos como azitromicina e ivermectina.
Na postagem, o órgão público afirma ter atingido 99% de efetividade na cura da doença causada pelo coronavírus. O que causou indignação foi a falta de uma metodologia científica na suposta análise. Primeiramente, a Prefeitura afirma que a Secretaria da Saúde (SES) acompanhou 123 pacientes no estágio inicial da doença, tratados com o chamado “kit-Covid” e, dessas pessoas, 122 foram “curadas” da enfermidade.
A Prefeitura não divulgou o período de estudo, tampouco nomes de pesquisadores e profissionais responsáveis pela gestão do “projeto”. Na contramão disso, a Organização Mundial da Saúde já disse em várias ocasiões que esse tipo de tratamento não possui eficácia comprovada nos casos confirmados da doença. Inclusive, entidades médicas já confirmaram que muitos pacientes que fizeram o uso desses medicamentos apresentaram danos à saúde, como por exemplo, impactos nos rins.
É importante ressaltar que a cidade soma ao menos 47 mil pessoas recuperadas. Desta forma, seria suficiente investigar 123 casos isolados para embasar a eficácia de um procedimento? É o que questiona o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), que já denunciou, várias vezes, a propaganda do tratamento ineficaz.
“Estamos diante de um caso de divulgação de uma fake news. Mais uma vez, o SMetal se posiciona contrário ao tratamento precoce e repudia, veementemente, a ação da Prefeitura”, afirma Leandro Soares, presidente da entidade.
Diante do caso, políticos, organizações e outros setores – não somente da sociedade sorocabana – manifestaram indignação com o caso e se propuseram a denunciar a publicação. Os vereadores Iara Bernardi (PT), Fernanda Garcia (PSOL), Francisco França (PT) e Salatiel Hergesel (PDT) protocolaram uma ação no Ministério Público (MP) denunciando o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos).
Ao todo, a Prefeitura modificou o tom da postagem três vezes após as redes sociais deletarem a publicação. O SMetal, no entanto, registrou. Confira: