Entre uma feira e outra, quem nunca acabou por jogar fora aquele legume antigo por um fresco? Ou então, quem nunca colocou muita comida no prato e depois se arrependeu? O que para uns pode ser apenas mais um punhado de comida jogado fora, poderia estar alimentando outras famílias. É o que alerta o Banco de Alimentos de Sorocaba (BAS) na segunda edição da ‘Feira Livre’, que aconteceu nesta quinta-feira, 5, com apoio e doações dos permissionários da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) de Sorocaba.
Com o objetivo de dar novo destino às verduras e legumes, a Nossa Feira Livre reuniu diversas pessoas do projeto Cesta Verde (que é atendido pelo BAS). As famílias puderam retirar batatas, cenouras, repolhos, berinjelas, cebolas, além de leite. Para a catadora de recicláveis, Edna Maria de Aquino, que estava presente na Feira, a atuação é vitalícia já que, atualmente desempregada, precisa racionar a comida entre ela e os filhos de 13 e 15 anos. Ela comenta que “sem o Banco de Alimentos não teria o que comer” e ressalta que não deseja a fome para ninguém.
A realidade dura da pernambucana não é incomum. Atualmente, dados do IBGE colocam o Brasil novamente no Mapa da Fome – um indicador que mede a insegurança alimentar das famílias brasileiras. Além disso, outro número alarmante mostra que é necessário ser mais solidário e empático: de acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), enquanto 821 milhões de pessoas passam fome no mundo, um terço dos alimentos produzidos são desperdiçados diariamente.
Meire Ellen Rodrigues, assistente social do BAS, recorda que a pandemia da Covid-19 fragilizou profundamente as famílias; mais do que isso, também fez diminuir a quantidade de doações e empresas parceiras. Ela afirma, ainda, que o momento pede cautela. “Desperdício nunca é a palavra ou a atitude correta. Em um cenário de pandemia, muito menos. É preciso que a gente pense no próximo, seja doando ou nos conscientizando a respeito de tudo que jogamos fora”, complementa Meire.
Para Lucinda Silveira, voluntária no projeto, a proposta da Nossa Feira Livre é, também, que a população possa ter acesso à alimentação saudável e nutricionalmente balanceada, além de colocar em prática a soberania alimentar – um conceito que defende a atribuição de poder de escolha e sentimento de cidadania. “Para nós, é mais do que importante que as pessoas escolham quais verduras e legumes vão querer. Até porque, cada um conhece a realidade de sua casa”, comenta.
“A Nossa Feira Livre é mais uma ação afirmativa do Banco de Alimentos. É um espaço que permite que as famílias escolham os alimentos que querem levar para à casa de forma segura e o façam com autonomia”, enfatiza o presidente do Banco, Tiago Almeida do Nascimento.
Financiamento coletivo
Para continuar atuando no combate à fome, o Banco de Alimentos de Sorocaba lançou uma campanha de financiamento coletivo pela plataforma Catarse. Diante do aumento de famílias em situação de vulnerabilidade social na cidade, o BAS compreende a importância de se manter ativo e auxiliando as mais de 60 entidades e famílias que, muitas vezes, dependem de uma cesta básica para sobreviver.
As doações começam em R$ 30,00 e podem ser feitas por aqui. A ação pretende atender mais de 500 famílias por mês, além das mais de 60 instituições já atendidas pelo Banco.