Uma pilastra de 10 metros de altura que suporta a cabeceira de uma viga de 17 metros de comprimento, por onde corre pontes rolantes que podem chagar a 56 toneladas, carregadas, trincou no barracão três da planta sete da fabricante de pás eólicas Tecsis, em Sorocaba, e apresenta rico de queda.
O barracão – pré-moldado – mede mais de 10 mil metros quadrados e é sustentado por dezenas destas pilastras. No topo delas estão apoiadas as vigas gigantes. “Nosso medo é que a queda dessa viga cause efeito dominó, provocando a queda de outras, o que seria uma tragédia”, alerta do dirigente sindical na fábrica, Ivonaldo Lopes Targino.
Trabalham no barracão três da planta sete da Tecsis aproximadamente 200 pessoas. A planta sete tem outros dois barracões e a Tacsis outras nove plantas em Sorocaba. Ao todo a empresa emprega mais 5 mil pessoas.
Mesmo após a trinca, que foi percebida há pelo menos duas semanas, empresa não isolou a área.
“A empresa colocou umas escoras, tipo esses andaimes de construção civil, e diz que não tem perigo, que tudo está seguro”, diz Ivolnado.
Os Bombeiros e a Gerência Regional do Trabalho e Emprego (GRTE), alertados do problema pelo Sindicato, foram ao local.
A Defesa Civil também foi acionada e diz que envia parecer ao Ministério Público até a próxima quarta-feira.
Peso sobre peso
Além do próprio peso, a viga ameaçada de cair se a pilastra com rachadura se romper de vez, também suporta o peso das pontes rolantes, que pesam 16 toneladas e podem transportar até 40 mil quilos, cada uma.
“A empresa precisa tomar providência urgente. Ela não deveria nem esperar o laudo da Defesa Civil para agir, pois é notório que alguma coisa está errada”, diz o também sindicalista Josivan Moura Oliveira.
Mesmo com visível trinca, as pontes rolantes continuam operando normalmente sobre que se apóia na pilastra avariada.
Muito Medo
A reportagem apurou que os trabalhadores estão com muito medo. “Deus me livre se uma viga daquele tamanho cair. Seria uma tragédia”, disse um trabalhador à reportagem, acrescentando: “todos estamos estão com medo de trabalhar neste local.
“A gente trabalha porque é obrigado, mas que dá medo de ficar embaixo de uma viga dessa dá. Isso se cair afunda o chão”, diz outro funcionário.
A reportagem ouviu os trabalhadores por telefone e seus nomes não são divulgados para evitar retaliação da empresa.
Morte em 2010
No dia 23 de junho de 2010 a empresa registrou um acidente com morte. O metalúrgico Aparecido Moiséis Guimarães, de 42 anos, foi atingido por uma peça de aproximadamente 1 tonelada. Ela estava presa a uma trave com rodas e era transportada por uma empilhadeira, que tombou sobre Aparecido.
O trabalhador foi levado ao Hospital Regional, mas não resistiu aos ferimentos e morreu uma hora após dar entrada no Hospital.
Tudo normal
Questionada sobre o problema, a empresa confirmou, por sua assessoria de imprensa, que realmente os Bombeiros foram ao local, mas acrescentou que tudo estaria normal.