Com oito meses consecutivos de fechamento de postos de trabalho na categoria metalúrgica em Sorocaba e região, o ano de 2019 fechou com saldo negativo de 1.859 vagas de empregos, resultado de 10.451 trabalhadores demitidos e 8.524 admitidos em 12 meses.
No Estado de São Paulo, o cenário também foi negativo em 2019, com 9.424 postos de trabalho fechados. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, compilados pelo economista da subseção Dieese dos Metalúrgicos de Sorocaba, Fernando Lima.
O economista lembra que é considerado postos de trabalho a diferença entre os trabalhadores contratados e demitidos em um mesmo período. “Em 2019, tivemos uma diminuição de 10,54% no número de contratados. Isso demonstra a dificuldade de encontrar um emprego na categoria metalúrgica em Sorocaba e região. Há menos contratação e, por outro lado, o número de desligados cresceu 26,45%”, explica.
Para o secretário de organização do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), Izidio de Brito, além do impacto da não renovação dos contratos temporários dos trabalhadores da Toyota, que ocorreu em agosto, também houve queda nas contratações e aumento nas demissões em outros segmentos metalúrgicos, como: autopeças (-658); equipamentos de informática (-322); geradores, transformadores e motores elétricos (-287); e manutenção e reparação de máquinas e equipamentos elétricos (-274).
“Isso demonstra a falta de uma política de desenvolvimento industrial por parte dos governos Federal, Estadual e Municipal, que o Sindicato vem criticando há pelo menos três anos. Em outros setores, os números começam a mostrar um pequeno crescimento, mas o que observamos é que isso já é resultado da precarização do emprego e da retirada de direitos do trabalhador”, explica Izidio.
Ele relembra que desde que implementada a Reforma Trabalhista, em 2017, o Sindicato vem lutando para que a categoria não fosse impactada com as mudanças na legislação. “Mas não somos uma ilha, precisamos urgentemente de ações efetivas para a geração de empregos dignos na indústria, não nesse formato em que o governo e os patrões querem enfiar goela abaixo dos trabalhadores, com menores salários e sem direitos”, critica.
Dependência externa
Para o economista do Dieese dos Metalúrgicos de Sorocaba, Fernando Lima, nas montadoras e no setor de autopeças, efetivamente, a crise na Argentina afetou as empresas locais. “Isso demonstra a dependência do mercado externo para o País. O remédio para essa situação seria termos um mercado interno que conseguisse atender à capacidade produtiva que temos no próprio município de Sorocaba, que não é suficiente”, exemplifica.