Frei Betto fez o lançamento nacional da obra “Fé e Afeto: espiritualidade em tempos de crise” (Ed. Vozes) no auditório do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) nesta quinta-feira, dia 27.
Para um público de aproximadamente de 150 pessoas, o autor de mais de 60 livros, editados no Brasil e exterior, que nasceu em Belo Horizonte, abordou a experiência de fé, “de cultivar a riqueza da subjetividade, em contato com algo que vai além de nós. Pode ser o cuidado com a natureza, a confiança que une um casal”.
Ele falou também sobre as “redes digitais” e da importância do cultivo da espiritualidade diante do sistema em que vivemos.
“Nesse momento de crise, de turbulência, eu chamo redes digitais e não sociais, porque muitas vezes, instigam muita hostilidade. Nesse clima que vivemos hoje, como instiga a tolerância, o acolhimento. Por quê? Porque sempre houve diferenças, o que não havia era essa socialização das diferenças. Vamos nos tribalizando dentro de um clube que fala o mesmo dialeto que eu gosto de ouvir. E todo aquele que fala outro dialeto é considerado inimigo e deve ser executado (deletado). O cultivo da espiritualidade tem a ver diante essa visão crítica do sistema em que vivemos”.
Permeando o debate da espiritualidade nessa época de crise, Frei Betto alertou para a relação com o consumo, que se aproveita do slogan da felicidade. “No nosso ímpeto mais íntimo sempre procuramos o nosso próprio bem e o sistema sabe que todos os seres buscam a felicidade”. Por isso, ele explica, que o sistema tenta nos incutir que quanto mais buscarmos símbolos consumistas, mais perto estará de ser feliz. Mas o desejo humano é infinito.
Ele fez críticas também ao consumismo na sociedade atual. “Uma cidade quando queria status erguia uma Catedral, hoje erguem uma catedral do consumo, o shopping. E para ir ao shopping não dá pra ir com qualquer roupa, tem que ser com roupa de missa de domingo”, comparou.
Daí, a importância, independente de religião, de se buscar a experiência da espiritualidade, da transcendência. “A espiritualidade transcende o ego e promove a vida e o bem”, apontou entre as diferenças que discorreu sobre religião e espiritualidade.
O frade dominicano, que também é jornalista, concluiu sua palestra falando sobre a importância de criar comunidades de nutrição espiritual, “que incutam em nós a coragem para lutarmos por um Brasil e um mundo melhor”.
Após a palestra de uma hora, Frei Betto respondeu perguntas do público e autografou os livros. Confira aqui galeria de fotos.