Há 27 anos, o agricultor Antonio de Biazze, 61 anos, produz uma diversidade de verduras, legumes e hortaliças em uma área no Assentamento da Fazenda Ipanema, em Iperó.
Na tarde desta quinta-feira, dia 11, ele doou cerca de três toneladas de repolho ao Banco de Alimentos de Sorocaba (BAS), que fará a distribuição para as 80 entidades cadastradas.
Mas há dois anos, ele mudou o sistema de plantação e abandonou o uso de agrotóxicos. Hoje, seu lote integra uma área de produção orgânica, reconhecida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
A vida toda de seu Biazze é dedicada à lavoura, mas com a agroecologia, sem a manipulação dos venenos, o salto de qualidade foi grande. “Eu me sinto mais novo. Quando eu tinha 30 anos mexia muito com agrotóxico e não fazia nem metade do que faço hoje, sentia fadiga, cansaço. Hoje em dia, eu não tomo remédio nem para dor de cabeça”, afirma o agricultor que praticamente come tudo o que planta.
Alimentação saudável para todos
A lista de compra mensal de seu Biazze resume-se apenas a arroz, sal, óleo e carne. Os alimentos sem veneno que ele produz, cultivados com muito trabalho e suor, dia após dia, sob chuva ou sol, que vão de manga à berinjela, chegam à cidade por meio de parcerias como a do Instituto Chão, de São Paulo.
Ele também fornece para a prefeitura de Iperó, por meio da Lei nº 11.947, de 2009, do governo Lula, que estipula o Programa Nacional de Alimentação Escolar, que entre outras diretrizes, prevê recursos para a aquisição de alimentos oriundos da agricultura familiar.
Mas poderia fornecer muito mais. “Mas, são poucas prefeituras que cumprem a lei, infelizmente”, relata.
Três toneladas de repolho
Um dos problemas recentes que afetou diretamente a produção de alimentos sem agrotóxicos foi o corte de investimento no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do governo federal, que teve início em 2003.
Entre os pilares do Programa estava o acesso à alimentação e o incentivo à agricultura familiar. “Funcionou até 2015, mas em 2016 houve o corte no programa que prejudicou todos os agricultores do país, como os da região”.
Por isso, seu Biazze não conseguiu escoar a produção de três toneladas de repolho, que do plantio à safra tem o curso de 90 dias.
Antes de vencer o ciclo do repolho, para que ele não estragasse na lavoura, seu Biazze, com a ajuda de um amigo, colheu cada unidade, num total de 800, aproximadamente, na manhã desta quinta-feira, dia 11 e doou para o Banco de Alimentos de Sorocaba (BAS).
Em dezembro, seu Biazze espera fazer a colheita de quatro a cinco toneladas de manga, assim como espera conseguir distribuir sua produção para que o povo da cidade também tenha acesso ao alimento de verdade, produzido sem veneno e carregado de esperança de que novas sementes poderão brotar em solo fértil.