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Juventude negra resiste em Sorocaba

Educação, cultura, lazer. Jovens de Sorocaba se organizam para exigir melhores condições de vida e fim da violência

Gabriela Guedes/Imprensa SMetal
Foguinho/Imprensa SMetal
Maria Victor, de 17 anos, conta que já sofreu situações de racismo em sua escola, inclusive de professores, e que acredita que essa situação que dura muito tempo no Brasil pode mudar.

Maria Victor, de 17 anos, conta que já sofreu situações de racismo em sua escola, inclusive de professores, e que acredita que essa situação que dura muito tempo no Brasil pode mudar.

Periferia é periferia em todos os cantos do Brasil. Cada uma com sua especificidade, mas com uma série de características em comum: problemas de saneamento básico, transporte, baixa renda, nível de escolaridade e de violência.

As favelas, morros e guetos são produtos da exclusão social expressa nas cidades. No centro, os ricos; na margem, os pobres, majoritariamente negros.

A coordenadora do Núcleo de Cultura Afro-Brasileira (NUCAB) da Universidade de Sorocaba (Uniso), professora Ana Maria Souza Mendes, afirma que a forma como a abolição da escravatura foi realizada, em 1888, sem planejamento de sobrevivência e inclusão social dos libertos, contribuiu para o problema, até hoje não superado pela sociedade brasileira que é a desigualdade social.

Desde então, a população negra em Sorocaba e no país vem buscando formas de organização, reconhecimento e inserção social. Seja com música, projetos de educação ou em movimentos sociais, o jovem da periferia tem exigido melhores condições de vida e menos violência.

Foguinho/Imprensa SMetal
Melqui ajuda a organizar, com o Fórum de Hip-Hop de Sorocaba, a

Melqui ajuda a organizar, com o Fórum de Hip-Hop de Sorocaba, a

Movimento hip-hop

O hip-hop é um exemplo de luta e resistência contra o racismo no Brasil. Ele chegou no país na década de 80 e, além de conter expressões artísticas, como música, dança e grafite, é um movimento popular e social.

“O hip-hop é uma forma de se organizar que pode apresentar novas possibilidades e horizontes para a juventude que está nas periferias e não vê perspectivas de melhora de sua própria vida e de quem está ao seu redor”, explica Melquisedeque Silva, participante do Fórum do Hip-Hop de Sorocaba.

Para o skatista Mateus Santos, conhecido como Tolão, morador do bairro Laranjeiras, em Sorocaba, um dos pontos mais negativos da periferia é a falta de espaços públicos destinados à cultura e ao lazer. “Acaba que os jovens do bairro, por si mesmos, organizam suas atividades, como batalhas de rap, baile funk, campeonato de skate”, conta.

A falta de segurança também é criticada por Tolão. “Não existe segurança na periferia de Sorocaba. E boa parte da comunidade tem medo da polícia, mesmo que não tenham motivo para isso”, conta, afirmando que os moradores vivem episódios cotidianos de prejulgamento e falta de respeito generalizado por parte de policiais.

Foguinho/Imprensa SMetal
Ana Maria, coordenadora do NUCAB da Uniso, defende a importância de sonhar.

Ana Maria, coordenadora do NUCAB da Uniso, defende a importância de sonhar.

Educação

Ana Maria, do NUCAB, acredita que a mudança é possível a partir de uma “escola de verdade, onde os jovens sejam incitados a buscar conhecimento, não onde se despejem sobre eles conceitos já analisados e, às vezes, com preconceitos enraigados”.

Além disso, de acordo com a educadora, “sem emprego e educação, não é possível ter uma vida minimamente digna na sociedade que vivemos hoje. A falta de estabilidade – seja financeira, emocional – contribui para que a própria sociedade não consiga se desenvolver. E é o jovem negro que está mais vulnerável a essa situação”.

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Arte Cultura hip hop jovem juventude luta negra organizaçao Periferia skate Sorocaba violência
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