Não bastasse os lamentáveis – e insuperáveis – períodos em que os europeus escravizaram, destruíram a cultura dos povos negros e se apropriaram dos seus símbolos e riquezas, ainda é comum que precisemos testemunhar pessoas negras serem violentadas em pleno século XXI.
O que assistimos neste domingo, 21, na partida entre Valência e Real Madrid foi apenas a ponta de um iceberg muito maior, que tem origem no pensamento racista e, também na impunidade. Já que a sociedade espanhola encara esses acontecimentos com desprezo e tenta, de várias formas, varrer para debaixo do tapete.
Não é a primeira vez que o jogador brasileiro, Vini Jr, é vítima de insultos racistas vindos das arquibancadas. Assim como não é a primeira vez em que, mesmo com tudo sendo televisionado, os organizadores da “La Liga”, o campeonato espanhol, não fazem nada para reverter a situação. Muito pelo contrário, tentam jogar a culpa desses ataques numa suposta personalidade “provocativa” de Vinicius, um jovem que dança quando marca gol, como se faz no futebol desde que o mundo é mundo.
Vinicius é vítima duas vezes. A primeira da sociedade racista e, a segunda, daqueles que deveriam o defender, mas se juntam ao coro discriminatório e endossam essas ações vexatórias. A mídia local, os diretores de futebol e a organização do campeonato em questão. Todos têm uma parcela de culpa.
Nós, do Coletivo Racial Ubuntu, do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), nos indignamos com essa situação como povo preto e como trabalhadores. Vinicius Junior estava no exercício de seu trabalho quando foi humilhado por “torcedores” das arquibancadas do estádio Mestalla. Vini é reflexo da juventude preta brasileira que luta, batalha e corre incansavelmente atrás dos seus objetivos. Como todo ser humano, merece respeito.
Coletivo Racial Ubuntu
22 de Maio de 2023