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Histórico de luta

Há 100 anos, Sorocaba participava da primeira greve geral do país

Bondes, comércio e fábricas paralisaram. Nas ruas, apenas os operários que passavam de fábrica em fábrica conquistando adesões à greve geral

Imprensa SMetal
Reprodução
Capa do jornal Cruzeiro do Sul, de 17 de julho de 1917, aborda a greve geral dos operários em Sorocaba

Capa do jornal Cruzeiro do Sul, de 17 de julho de 1917, aborda a greve geral dos operários em Sorocaba

Há cem anos, em 1917, Sorocaba parou. Na capa do jornal Cruzeiro do Sul, publicada em 17 de julho do mesmo ano, a manchete – com a grafia da época – dava conta da reivindicação dos trabalhadores: era “A greve nesta cidade. Cerca de 10.000 operarios em parede”.

“O encarecimento rápido e crescente dos gêneros de primeira necessidade e o decréscimo de salários” estão entre os motivos descritos na reportagem para a greve geral. Em linguagem mais atual, preços caros e salários baixos.

À época, pararam os operários das fábricas de tecido Nossa Senhora da Ponte, Santo Antonio, das oficinas da Estrada de Ferro Sorocabana, assim como as costureiras da fábrica de Chapéu Souza Pereira, que engrossaram a massa popular nas ruas.

Para conseguir as adesões à greve, os operários iam de porta de fábrica em porta de fábrica, assim aconteceu na fábrica Santa Rosália e assim, se generalizava a paralisação.

Na reportagem consta que os operários da fábrica Santa Maria, apesar de não estarem descontentes com os patrões, “que já haviam providenciado para subscrever as decisões dos industriaes de S. Paulo referentes à melhoria de salarios do operariado”, abandonaram o serviço em solidariedade e união de classe.

Portas fechadas

Também fecharam as portas a Fábrica de Estamparias S. Paulo, de Arreios, Fábrica de Calçados Soares, de Calçados Fausto e a Fábrica Votorantim, que já estava em greve há um mês.

Em relação ao policiamento, a reportagem ainda ressalta que diante do contingente “não era possível às autoridades policiais conterem os grevistas…em deixar a sua sympathica attitude pacifica, em que se puzeram, para dirigir aos poderes competentes justas reclamações que têm o direito de fazer”.

Greve deste ano

Um século depois, a sociedade civil se organiza para realizar uma nova Greve Geral, agora para proteger os direitos trabalhistas conquistados em mais de 100 anos de lutas operárias. A greve de 2017 está marcada para a próxima semana, sexta-feira, dia 28 de abril. O objetivo é barrar a retirada de direitos históricos, como a Consolidação das Leis do Trabalho, a garantia de férias de 30 dias, 13º salário, licença maternidade e aposentadoria.

Mesmo na greve de 100 anos atrás, o país todo se mobilizou não apenas para reivindicar melhores salários e protestar contra a inflação. Estavam em pauta também proibição do trabalho de menores de 14 anos e pagamento de 50% no caso das horas extras, além de melhorias nas condições de vida da população.

As reivindicações de 1917 foram conquistadas por diversas categorias profissionais e, a partir da década de 40, passaram a constar na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), tornando-se direitos de todos os trabalhadores brasileiros. Direitos esses que agora o governo Temer e seus apoiadores querem extinguir.

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