O volume de 13º salário injetado pelos assalariados para movimentar a economia regional neste final de ano, noticiado nesta edição da Folha Metalúrgica, evidencia a importância dos trabalhadores e seus direitos na dinâmica financeira do País.
Os 193 mil trabalhadores com carteira assinada de Sorocaba devem gastar, juntos, R$ 543 milhões para animar comércio, setor de serviços e indústria neste fim de ano. Esse valor corresponde a quase 1/5 do orçamento previsto para Sorocaba em 2017, quando a Prefeitura prevê contar com R$ 2,8 bilhões para investir em obras, saúde, educação e outros gastos públicos.
Os metalúrgicos, com R$ 144,9 milhões em 13º pagos para 31.558 trabalhadores do setor na cidade, formam um contingente muito expressivo e influente nessa roda econômica local.
O estudo sobre o 13º, feito pelo Dieese/SMetal, teve como bases a Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), ambos do Ministério do Trabalho.
O levantamento não inclui autônomos, assalariados sem carteira assinada e outras possibilidades de gratificação de fim de ano, pois são de difícil mensuração. Ou seja, a colaboração do trabalhador de baixa ou média renda para o giro da economia pode ser ainda maior.
O economista Fernando Lima explica, na reportagem, que essa gratificação deve ser utilizada pelo trabalhador ou trabalhadora para resgatar seu crédito, adquirir bens de consumo e contratar serviços e, dessa forma, dar condições para a indústria programar mais produção.
Segundo projeção da Associação Comercial de Sorocaba (Acso), o comércio em Sorocaba deverá contratar cerca de 2,2 mil trabalhadores temporários neste fim de ano para atender a demanda gerada pelos valores adicionais em circulação [13º, principalmente]. De acordo com a Acso, 35% dos temporários de fim de ano costumam ser efetivados.
Diante desses fatos irrefutáveis, tornam-se ainda mais assustadoras as ameaças que vêm pairando sobre os direitos trabalhistas.
As propostas que tramitam no Congresso, com apoio do governo, disfarçam suas intenções ao defender a “flexibilização” como forma de baratear custos de produção e despesas com emprego no Brasil. No conteúdo dos projetos percebem-se claramente as intenções de aniquilar direitos como o próprio 13º salário.
O mesmo objetivo, de precarizar o emprego e encurtar direitos trabalhistas, está contido no projeto de ampliação da terceirização.
Já o sucateamento de serviços públicos básicos, como saúde e educação, e a transformação deles em “produtos de mercado”, por sua vez, estão embutidos na PEC 55.
Mas, diante do comprovado potencial de consumo do trabalhador e suas contribuições para a movimentação da economia, não é muita insensatez por parte do setor patronal querer eliminar direitos trabalhistas?
A resposta é sim. Mas apenas para uma tímida e pouco influente parcela dos empresários. Para os tubarões, tanto faz vender para 10 mil como para 10 milhões de consumidores, contanto que seus investimentos retornem, com o máximo de resultados e, principalmente lucros, na proporção e no prazo esperados.
Essa política econômica imediatista determina que o acúmulo de riquezas operáveis pelo mercado financeiro sobreponha-se ao futuro da economia de uma nação e a qualquer tipo de compromisso social que vá além do marketing.