31 de março de 1964 é uma data histórica que marcou um período tenebroso no Brasil, com censuras, retiradas de direitos e repressão, que culminou em centenas de mortes por perseguições políticas.
Neste 31 de agosto de 2016 a história se repete como farsa. O golpe de Estado foi via parlamentar e não precisou das forças dos militares. Apesar de juristas nacionais e internacionais afirmarem que o processo de impeachment não teve outra motivação a não ser política, o conjunto da obra das elites brasileiras foi consolidada com sucesso.
O projeto da Fiesp, com o apoio do político que perdeu as eleições em 2014, Aécio Neves (PSDB) e do PMDB de Eduardo Cunha, Paulo Skaf e de Michel Temer, é o de flexibilizar as leis trabalhistas, na contramão da Consolidação das Leis do Trabalho.
Para o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região, Tiago Almeida do Nascimento, “as elites se uniram pelo golpe desde o primeiro minuto em que Dilma foi eleita. Criou-se um pacto para tirar do poder um projeto voltado para os trabalhadores e para se colocar, de forma indireta e ilegítima, um representante dos empresários, ruralistas, entre outros conservadores que não veem o Brasil como uma nação a ser desenvolvida, mas pensam em como podem lucrar mais explorando mais”.
Golpe parlamentar
Durante o processo de impeachment no Senado, a defesa de Dilma ressaltou que as investigações da Operação Lava Jato motivaram ainda mais o processo do golpe para evitar que as investigações chegassem aos partidos PSDB e PMDB. “Se continuassem com as investigações, poderia haver uma sangria”, conforme conversas vazadas entre o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente da Transpetro, nas quais eles insinuam ter de retirar Dilma em um grande “pacto” para estancar a “sangria” na classe política brasileira.
O advogado de defesa de Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo, afirmou em entrevista à Rede Brasil Atual, no dia 30, de que Dilma, durante todo seu governo, foi profundamente discriminada. Ele ressaltou que ela nunca tolerou nenhum ato de corrupção em seu governo e por isso, diziam ser autoritária. “Se fosse um homem, diriam que ela tem energia, mas como é mulher, é falta de diálogo”.
“A história vai julgar e desmascarar os políticos corruptos autores desse golpe parlamentar. Mas precisamos estar ativos e unidos como classe trabalhadora para lutar contra essa ofensiva neoliberal”, analisa o secretário-geral do SMetal,
Leandro Soares.
Para ele, a redução dos direitos previdenciários e trabalhistas, além das privatizações de setores chaves do Brasil, serão as primeiras medidas do governo Temer (PMDB). “Há diversos movimentos populares que estão mobilizados e que agora devem dar uma resposta unitária diante do golpe”.
Na opinião do militante Ricardo Gebrim, que integra a Frente Brasil Popular, pelo movimento Consulta Popular somente uma Constituinte pode “recompor, por meio da soberania popular, as conquistas democráticas”.