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O pacto do impeachment foi bem sucedido

Apenas 61 senadores passaram por cima de 54 milhões de brasileiros e decretaram o início da retirada de direitos. Movimentos populares devem continuar mobilizados e criar uma resposta ao golpe

Imprensa SMetal
Chargista Glauco Gões
Na contramão da Consolidação das Leis do Trabalho

Na contramão da Consolidação das Leis do Trabalho

31 de março de 1964 é uma data histórica que marcou um período tenebroso no Brasil, com censuras, retiradas de direitos e repressão, que culminou em centenas de mortes por perseguições políticas.

Neste 31 de agosto de 2016 a história se repete como farsa. O golpe de Estado foi via parlamentar e não precisou das forças dos militares. Apesar de juristas nacionais e internacionais afirmarem que o processo de impeachment não teve outra motivação a não ser política, o conjunto da obra das elites brasileiras foi consolidada com sucesso.

O projeto da Fiesp, com o apoio do político que perdeu as eleições em 2014, Aécio Neves (PSDB) e do PMDB de Eduardo Cunha, Paulo Skaf e de Michel Temer, é o de flexibilizar as leis trabalhistas, na contramão da Consolidação das Leis do Trabalho.

Para o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região, Tiago Almeida do Nascimento, “as elites se uniram pelo golpe desde o primeiro minuto em que Dilma foi eleita. Criou-se um pacto para tirar do poder um projeto voltado para os trabalhadores e para se colocar, de forma indireta e ilegítima, um representante dos empresários, ruralistas, entre outros conservadores que não veem o Brasil como uma nação a ser desenvolvida, mas pensam em como podem lucrar mais explorando mais”.

Golpe parlamentar

Durante o processo de impeachment no Senado, a defesa de Dilma ressaltou que as investigações da Operação Lava Jato motivaram ainda mais o processo do golpe para evitar que as investigações chegassem aos partidos PSDB e PMDB. “Se continuassem com as investigações, poderia haver uma sangria”, conforme conversas vazadas entre o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente da Transpetro, nas quais eles insinuam ter de retirar Dilma em um grande “pacto” para estancar a “sangria” na classe política brasileira.

O advogado de defesa de Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo, afirmou em entrevista à Rede Brasil Atual, no dia 30, de que Dilma, durante todo seu governo, foi profundamente discriminada. Ele ressaltou que ela nunca tolerou nenhum ato de corrupção em seu governo e por isso, diziam ser autoritária. “Se fosse um homem, diriam que ela tem energia, mas como é mulher, é falta de diálogo”.

“A história vai julgar e desmascarar os políticos corruptos autores desse golpe parlamentar. Mas precisamos estar ativos e unidos como classe trabalhadora para lutar contra essa ofensiva neoliberal”, analisa o secretário-geral do SMetal,
Leandro Soares.

Para ele, a redução dos direitos previdenciários e trabalhistas, além das privatizações de setores chaves do Brasil, serão as primeiras medidas do governo Temer (PMDB). “Há diversos movimentos populares que estão mobilizados e que agora devem dar uma resposta unitária diante do golpe”.

Na opinião do militante Ricardo Gebrim, que integra a Frente Brasil Popular, pelo movimento Consulta Popular somente uma Constituinte pode “recompor, por meio da soberania popular, as conquistas democráticas”.

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