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Saúde

Pacientes esperam até dez dias por internação em Sorocaba

De acordo com médicos que trabalham na UPH da Zona Norte, são vários os casos em que pacientes esperam dias por vagas em leitos hospitalares

Jornal Cruzeiro do Sul
Pedro Negrão

Para solucionar o problema seriam necessários 180 leitos de urgência e emergência, calcula o titular da Secretaria Municipal da Saúde

Dez dias. Esse foi o período que a aposentada Aparecida Alves Torres Giocondo, 69 anos, com quadro de insuficiência cardíaca, aguardou na Unidade Pré-Hospitalar (UPH) Zona Norte até a liberação de um leito na Santa Casa de Sorocaba. No dia 31 de maio, segundo Marcelo Giocondo, 46 anos, filho da aposentada, uma pneumologista informou que o quadro de saúde havia piorado, mas, ainda assim, a paciente permaneceu naquela unidade. “Ela estava com muita dificuldade para respirar e uma médica disse que o coração dela estava inchado”. No dia 1º de junho, às 21h50, a idosa conseguiu a transferência, mas permaneceu no pronto-socorro da Santa Casa por mais cinco dias aguardando por uma vaga na clínica médica feminina do hospital. O caso de Aparecida não é pontual ou isolado, afirmam médicos que atendem na UPH Zona Norte.

Um dos profissionais da UPH contatado pelo Cruzeiro do Sul, que preferiu não se identificar, disse que o ideal é que o paciente permaneça, no máximo, por seis horas na unidade, mas isso não acontece. “Já houve dias que 26 pacientes, só aqui nessa unidade, aguardavam vaga de internação na Santa Casa”, relembrou. Segundo ele, muitas pessoas esperam por cinco, seis e até dez dias “por um atendimento adequado.” O secretário municipal de Saúde de Sorocaba, Francisco Fernandes, justificou que o caso de Aparecida não é comum e se ocorreu é por conta do gerenciamento da unidade. Fernandes garantiu que cerca de 20 a 30 vagas são disponibilizadas na Santa Casa todos os dias.

Vagas temporárias

De acordo com o secretário, diariamente, 15 a 20 pessoas, em média, aguardam por vagas na Santa Casa, encaminhadas após atendimento nas UPHs e na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Éden. Outros cerca de 25 pacientes são atendidos no pronto-socorro do hospital e também precisam de internação. “O tempo de espera que nós temos conhecimento é de três dias.”

Para solucionar o problema, calcula o secretário, seriam necessários 180 leitos de urgência e emergência, o que corresponde a um novo hospital. “Sabemos que não existe essa possibilidade, por isso, vamos utilizar espaços vazios dentro da Santa Casa e do prédio do Grupo de Pesquisa e Assistência ao Câncer Infantil (Gpaci) e do Santa Lucinda para implantar mais leitos, mas mesmo assim não será suficiente para atender a demanda”, afirma o secretário.

Entre as iniciativas, conta Fernandes, está a instalação de 30 vagas temporárias na Santa Casa para atender quadros respiratórios. Os 30 novos leitos serão disponibilizados por 60 dias e custarão R$ 400 mil à Prefeitura. Outra novidade é a implantação de pronto-socorro ou leitos de observação definitivos no Gpaci. “O problema é apenas orçamentário, pois não há falta de espaço, falta de equipamento ou falta de médico. Falta dinheiro!”, argumenta.

Medicamentos

Dois médicos que trabalham na rede municipal de saúde relataram ao Cruzeiro do Sul que é recorrente a falta de medicamentos básicos nas unidades de saúde. Um profissional que atua na UPH Zona Norte disse que é comum não ter Dramin e Plasil, por exemplo. O médico também criticou o fornecimento de marmitex aos pacientes, pois, segundo ele, não é o atendimento adequado. Além da falta de medicação, o profissional também falou da precariedade no laboratório da unidade e afirmou não ter condições para a realização de exames específicos.

Sobre o fornecimento de marmitex na UPH Zona Norte, o secretário municipal de Saúde informou que a medida é necessária e não se trata de improviso. “É comida congelada, própria para o paciente.” Segundo ele, a experiência, iniciada em setembro passado, deu certo e faz com que o doente permaneça na unidade de forma mais adequada enquanto aguarda a liberação de um leito na Santa Casa. A ideia dos marmitex, diz Fernandes, deve ser testada também na UPH Zona Leste e na UPA do Éden, ambas unidades administradas pelo Banco de Olhos de Sorocaba (BOS). “Não queremos internar ninguém em UPH, mas nessa época do ano a necessidade de internação aumenta em 20% por conta de problemas respiratórios, mas os leitos não aumentam na mesma proporção, então buscamos uma solução”, justificou.

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