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Dilma Rousseff

“Eles não me tiraram, não. Eu continuo sendo presidenta”

Em entrevista exclusiva para a Agência Pública, a presidenta afastada Dilma Rousseff refaz sua trajetória, explica por que se considera vítima de um golpe e critica governo interino de Temer

Rede Brasil Atual
José Cícero da Silva/ Agência Pública

‘Acho que o PSDB cometeu um gravíssimo equívoco político. Perdeu a cara porque endireitou’

Em entrevista exclusiva para a Agência Pública, a presidenta afastada Dilma Rousseff refaz sua trajetória, explica por que se considera vítima de um golpe, fala o que pensa das forças políticas do país e do que esse “golpe parlamentar”, nas palavras dela, representa para a democracia da América Latina. Responde também a perguntas sobre questões polêmicas como aborto, hidrelétrica de Belo Monte e recentes acontecimentos da Lava Jato.

A entrevista para a Agência Pública é a primeira de Dilma Rousseff concedida a um grupo de jornalistas mulheres: Andrea Dip, Marina Amaral, Natalia Viana e Vera Durão. “Acho que o PSDB cometeu um gravíssimo equívoco político. Perdeu a cara porque endireitou. Estimulou, organizou e propôs um movimento que era baseado em algumas questões inadmissíveis. Como é que se mistura com um (movimento) que defende o golpe militar?”, afirma.

Ao responder pergunta sobre o presidencialismo de coalização, Dilma diz que se voltar ao cargo ao superar o impeachment não retoma as bases do governo anterior: “Vou te falar, eu não recomponho governo nos termos anteriores em hipótese alguma.”

A presidenta também comenta sobre a crise com o PMDB, partido que compunha sua chapa eleitoral e sua base parlamentar de governo, depois de classificar sua eleição em 2014 como “ultraconflituada”. “Depois disso, apoiam a ida para a presidência da Câmara do senhor Eduardo Cunha, que tem uma pauta eminentemente de direita. E que faz, talvez, o processo mais grave no Brasil, que foi tornar o centro hegemonizado pela direita, rompendo com uma tradição centro-democrática que vem desde a redemocratização, com Ulysses Guimarães, a Constituinte, em que um dos protagonistas importantes foi o centro democrático no Brasil. O PMDB, o velho MDB, né?”, destaca a presidenta.

Dilma critica ainda o governo de Michel Temer e a relação com Cunha ao comentar a guinada do PMDB que o levou à oposição: “Ele dá essa guinada quando o Cunha assume a hegemonia dele. Porque ele teve a hegemonia. E essa hegemonia está expressa no governo do Michel Temer. Ele é Cunha. O Jucá não mente quando diz que Michel é Cunha. Um dos grandes problemas desse governo é esconder o Cunha. Porque o Cunha não é uma pessoa lateral deles. Ele é o líder deles. Líder em todos os sentidos”.

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